História Local, História Ibérica: as origens da indústria da seda na Guarda, no século XVIII

Antonieta Pinto [AP] (texto)
António Prata Coelho [APC] (texto e imagens)

Oficina de História da Guarda, Setembro 2021

O século XVIII foi um tempo áureo dos inventores e da inovação tecnológica. Basta percorrer os extensos volumes da “Encyclopédie” editada por Diderot e D’Alembert, com as suas notáveis imagens gravadas relativas a centenas de “artes e mesteres”, para nos apercebermos do afã e verdadeiro culto que gerações de intelectuais e pensadores setecentistas, em França e pela Europa fora, votaram às tecnologias mais avançadas do tempo. Em Portugal, figuras como o Marquês de Pombal procuraram fomentar a adoção e reflexão sobre este surto de novidades, incluindo este objetivo entre os projetos de governação do reino.

No âmbito do incentivo pombalino, surgiu na Guarda, na segunda metade do século XVIII, uma extensa plantação de amoreiras e uma fábrica de seda. O seu dinamizador foi um fidalgo da Casa Real, Simão de Oliveira da Costa Almeida Osório, irmão do bispo da Guarda, D. Jerónimo Rogado do Carvalhal e Silva, e bisavô do 1º conde da Guarda, Luís de Oliveira de Almeida Calheiros e Meneses. Era um homem esclarecido, residente na Guarda e criador da obra “Tratado Prático da Cultura de Amoreiras e Creação dos Bichos da Seda”, publicada em 1773 pela Regia Officina Typografica.

A escrita deste tratado é o aspeto mais conhecido da ação de Simão Osório. Tratava-se, no entanto, de um escrito que sintetizava, como o próprio título indica, a prática e ousadia de um inovador. As 13.000 amoreiras que Simão Osório importou de Valência e de Almagro, e os técnicos que aí contratou, ajudaram a implementar um projecto modernizador e a transferência tecnológica ligada à plantação de amoreiras, à criação de bicho e à fiação de seda na sua Quinta da Lameda, na Aldeia do Porco (hoje Quinta da Alameda, em Aldeia Viçosa). 

A Quinta da Alameda desenvolveu-se entre as décadas de 1750 e 1780 como um projeto inovador e uma estrutura produtiva importante na região da Guarda, tornando-se um pólo de dinamização e fixação de gentes e recursos, como atestam as pesquisas que vimos fazendo sobre a mão-de-obra, produção e comercialização de seda na Guarda, integrando-a no contexto português e ibérico da segunda metade de Setecentos.

Ensaiamos neste texto, usando a documentação da época, uma primeira reconstrução da empresa implantada por Simão Osório na sua quinta, visando lançar as bases para um exercício de arqueologia industrial. É ainda possível a integração dos vestígios existentes desta estrutura produtiva no contexto da Rota da Seda ibérica e a valorização da história da sericultura na Guarda, uma região de forte tradição têxtil.

Como bem lembra um historiador moderno, “a indústria da seda no século XVIII, em Portugal como noutros países europeus, não pode ser estudada isoladamente, já que se encontra correlacionada com diversos fatores […]”[1]. Entre este fatores está precisamente a circulação de mão-de-obra especializada e de tecnologias através das várias regiões da Península Ibérica. Como veremos, a história da iniciativa empreendedora de Simão Osório ilustra-o perfeitamente.

Simão Osório – o homem e a sua obra “Tratado Pratico da Cultura de Amoreiras e da Creação dos Bichos da Seda”

“A amoreira se dá muito bem em toda a terra que tenha vigor e frescura, como entre nós sucede às macieiras e pereiras; porém a regadia é sempre melhor. Os bichos criam-se em toda a qualidade de clima: nessa mesma cidade da Guarda, em que escrevo, e tenho pela mais fria de Portugal, vejo criações felicíssimas, porque tem a seu favor rebentarem muito mais tarde as amoreiras e dilatar-se o choco dos bichos, que neste clima nascem, quando os chocam, o que não sucede nas terras quentes.”[2]

O homem

Simão de Oliveira da Costa Almeida Osório referia-se com estas palavras ao cultivo da amoreira nesta região da Beira Interior, no seu “Tratado Pratico da Cultura de Amoreiras e da Creação dos Bichos da Seda”. Quem era este homem? Qual a sua ligação à Guarda? Qual a sua relação com a indústria da seda?

Simão de Oliveira da Costa Almeida Osório era fidalgo da casa Real e irmão de D. Jerónimo Rogado do Carvalhal e Silva, que foi bispo da Guarda em exercício entre 1773 e 1797. Residia na cidade da Guarda e dedicava-se, nas suas próprias palavras, “exclusivamente aos trabalhos agrícolas”.

Manifestou aspirações de riqueza com a produção de amoreira e criação de bichos-da-seda, desde a década de 1750. Assumiu-se como um agricultor, um nobre imbuído de princípios empreendedores, em coerência com os novos tempos que se avizinhavam. Um fidalgo da casa Real que se apresentava como um homem de ação, que falava “a todos com a experiência”[3], e que não considerava desonra dedicar-se a atividades produtivas que resultavam do trabalho manual. Afirmava que a produção de seda era uma atividade lucrativa, da qual já começava a retirar dividendos, devendo ao Marquês de Pombal o impulso e a confiança para avançar com o seu projeto.

Em várias regiões da Península, como em Valência, desde o tempo dos Reis Católicos, a atividade sericícola era considerada uma arte e não um ofício. Concedia a honorabilidade e o prestígio que facilitavam o acesso ao poder local[4]. Simão Osório, influenciado pelo contacto com as tradições industriais ibéricas, em particular as da região de Valência, era um homem imbuído de novas ideias. Apresentava, à luz do Iluminismo, preocupações pelo bem comum e pelo bem-estar e felicidade de todos, cuidados com os quais também termina o seu livro. Utilizava mesmo a terminologia da filosofia iluminista, revelando ser um homem culto e sabedor do pensamento da época ao afirmar que se sentiu guiado pelas “extraordinárias luzes” de Pombal.

Os seus conhecimentos abrangiam a prática da Agricultura, resultado da sua experiência pessoal. Considerava-se um homem instruído comparativamente com o geral dos agricultores que norteavam o seu trabalho pela “opinião estabelecida”, revelando resistência à inovação. Na sua obra, reclamava-se como um conhecedor do saber compilado por “homens sábios” que clamavam “com a razão, e com o exemplo das Nações mais instruídas”[5]. Apresentava-se como leitor de tratados influentes como a “Economia General de la Casa de Campo” traduzida por Francisco de la Torre[6], e certamente da obra do padre Rafael Bluteau[7]. Parecia-lhe, no entanto, que os métodos de limpeza propostos por estes autores se não adequavam a fábrica de maior dimensão, como a sua, e daí que utilizasse outro método, o de Valência, e conseguisse produzir grandes quantidades de seda com pouca despesa.[8]

Simão Osório era um homem informado que acreditava poder, com a sua experiência, dar um contributo ao desenvolvimento económico da Beira, região que segundo ele gozava de um clima propício à criação dos bichos da seda[9].

O Tratado

O “Tratado Pratico da Cultura de Amoreiras e da Creação dos Bichos da Seda”, divide-se em duas partes. A primeira dedica-se à cultura da amoreira e a segunda à criação do bicho-da-seda. Inicia-se com uma carta dedicatória ao Marquês de Pombal, seguida de um prólogo.

Na primeira parte do Tratado o autor faz a descrição pormenorizada do método de cultivar a amoreira, cuidados a ter, e advertências várias. A segunda parte apresenta explicações detalhadas sobre a criação de bichos da seda em “fábricas maiores […] para o bom e fácil êxito desta colheita”[10]. Ao longo da obra conseguimos ter uma visão prospetiva da sua unidade de produção em Aldeia Viçosa, que descreve com características agroindustriais.

Na dedicatória, com forte carácter panegírico, Simão Osório disserta sobre o conservadorismo dos agricultores e a importância do apoio e incentivo dado pelo Marquês ao cultivo da amoreira e produção de seda. Solicita a aprovação da sua obra de modo a ter a consideração do público à qual se destina, oferecendo-a diretamente ao Marquês, a quem se dirige como um Mecenas. O beneplácito e patrocínio do seu Tratado por tão “EXCELLENTISSIMO SENHOR” conferiam confiança aos leitores. O autor afirma, mesmo, que o seu alento para avançar na produção da seda não aconteceria “se as suas [do marquês de Pombal] extraordinárias luzes me não guiassem” [11].

As dificuldades económicas que marcaram a época pombalina levaram a um impulso industrializador, sobretudo nas décadas de 1760 e 1770. A indústria da seda estava a ser incentivada, como atesta numerosa legislação, apoiando-se a produção de amoreira[12] e o envio de emissários pelo Reino com o objetivo de inspecionar a aplicação das medidas e estimular a produção.[13]. De facto, é no governo de Pombal que se financiam muitos dos negócios da seda.[14] Entre as culturas agrícolas que se expandiram no reino ao longo de Setecentos contam-se justamente aquelas que suportavam o desenvolvimento da indústria, como a amoreira e também o linho.

Como escreveu Acúrsio das Neves, estas medidas “estimularam fortemente alguns particulares, para fazerem grandes plantações de amoreiras, e creações de bichos da seda. Dos grandes creadores o impulso se comunicou aos pequenos, principalmente na Beira-alta, e em Trás-os-Montes, de que resultou a considerável lavra de seda, que tínhamos pelos últimos anos do reinado do Senhor D. José.”[15]

Simão Osório aproveitou este incentivo apoiando-se na figura do irmão, enquanto bispo da Guarda e figura próxima do Marquês de Pombal, que lhe terá confirmado a aprovação ao seu projeto. Terá sido neste quadro de relações que o rei enviou para a exploração da quinta da Alameda um mestre que ensinava a fiar e daria apoio ao estabelecimento de “engenhos à maneira dos de França”[16] para promover o processo produtivo da fiação, contributo que se juntava aos técnicos mandados vir de Valença pelo próprio Simão, provavelmente com o apoio régio.

Terá o nosso empresário usufruído dos subsídios, à semelhança dos que eram dados à Real Fábrica das Sedas[17], ou das mercês concedidas a quem se dedicava ao cultivo da amoreira, segundo a Lei de 20 de fevereiro de 1752?[18] Questões para as quais não encontrámos ainda resposta cabal e objetiva, mas que o contexto político e económico nos permite levantar.[19]

No prólogo da sua obra, Simão Osório alega ter conhecimento teórico e experiência prática na cultura da amoreira. À data da publicação do seu “Tratado Pratico da Cultura de Amoreiras e da Creação dos Bichos da Seda” a sua produção teria atingido escala viável, baseada na importação de semente e técnicas do “Reino de Valência, e Almagro da fábrica do Conde de Vale de Paraiso”[20], com a qual procurava servir de modelo e exemplo a muitos “sojeitos que depois della se tem animado desta Cultura”[21].

À semelhança de Simão Osório, também o Conde de Valparaíso, Juan Francisco Ruiz de Gaona Portocarrero, manteve estreitas ligações com o poder central ao mesmo tempo que se afirmava como entidade de referência local em Almagro. Aí promoveu atividades ligadas à agricultura e produção de lã e rendas.[22]

A “fábrica”

Os dados fornecidos por Simão Osório no seu Tratado, em conjunto com as fontes arquivísticas diversas que coligimos, permitem a prospeção dos processos de construção e transformação do espaço agroindustrial edificado na Quinta da Alameda, no final do século XVIII. Aqui propomos uma reconstituição da arquitetura e sua inserção no espaço rural, de modo a explicar a organização da propriedade e da unidade de produção, perceber as técnicas utilizadas, interpretar e preservar testemunhos materiais, e compreender a sua inserção num contexto mais vasto. Trata-se de perceber como o território era gerido, e como as inovações no processo produtivo da seda propostas por Simão Osório se difundiram na região.

O seu projeto significava uma estratégia de valorização do legado cultural da produção da seda nos territórios do interior do país, arredados da influência direta das entidades que zelavam pelas dinâmicas nacionais e afastados dos próprios mercados de consumo. Importa, ainda, fazer uma reflexão sobre o enquadramento desta estrutura produtiva periférica numa rede de produção e comercialização transfronteiriça, com forte ligação ao espaço ibérico e particularmente ao epicentro da produção sericícola ibérica setecentista, situado em Valência.

 Um espaço agroindustrial

Sabemos que a sua unidade de produção, a “fábrica” como ele lhe chamava, se situava na sua quinta na margem esquerda do rio Mondego, na antiga paróquia de Porco, atual Aldeia Viçosa, a “Quinta da Lameda”[23] (hoje Quinta da Alameda). A quinta[24] distava “uma legoa”[25] da cidade da Guarda. Tratava-se de uma exploração agrícola na qual se destacava o cultivo de amoreiras, mas que também produzia vinho, milho, feijão, hortas, nabos, melões, incluía linhares, e criava cerca de 500 cabeças de gado ovino.

As primeiras amoreiras, semeadas “na manhã de S. João de 1755” e plantadas em março de 1761, permitiam a produção de 10 arrobas de seda em 1773.[26] Esta seria a unidade de produção de seda mais importante da região nesta década, um estabelecimento de dimensões consideráveis. Simão Osório sentia-se o empresário melhor preparado intelectualmente para este projeto inovador, face à “rusticidade” dos criadores seus vizinhos.[27]

Ressalvando o caso de Trás-os-Montes, com forte produção sericícola nesta mesma época, a exploração na Quinda da Alameda afasta-se do padrão de implementação industrial adotado no litoral do país. Nos finais de Setecentos, a localização de muitas indústrias era condicionada pelas necessidades de matérias-primas importadas do Brasil, pela procura de mão de-obra e de mercados mais populosos.[28]

A utilização da expressão “creação grande”[29] por Simão Osório pressupõe a existência de uma unidade de grandes dimensões. Esta pretensão é corroborada por José Acúrsio das Neves[30] que escreveu que esta era a maior unidade da região, à época. Simão Osório refere-se na documentação que consultámos, várias vezes, à sua unidade de criação de bicho da seda como “fábrica”. Na sua quinta, produzia seda que era procurada “athe para as Reaes Fabricas […] e para as melhores deste Reino”[31]. Utiliza a expressão “fábrica” e não oficina, loja ou outra que sugira pequenas dimensões. As suas preocupações são já as de um verdadeiro empresário que procurava reduzir os custos e tornar viável o seu empreendimento, nomeadamente diminuindo a despesa com a mão de obra.[32] Ao contrário do que acontece com a empresa de Simão Osório, no panorama industrial do Portugal do século XVIII a fábrica era uma raridade[33] .A regra continuava a ser a “pequena produção, pouco penetrada pelo elemento mercantil.”

A disposição do espaço construído para a “fábrica” de Simão Osório procurava responder ao desejado incremento da atividade produtiva e ao lucro da empresa. Era um local de experimentação de técnicas, materiais e modelos. Um local que Simão Osório descreve em pormenor no seu Tratado de forma a “que os curiosos possam emendar nas suas os defeitos desta, que eu fiz erigir, sem ter visto, nem ainda alcançado notícia de outra.”[34]  

No requerimento por ele apresentado a D. Maria I encontramos referência à criação de bichos numa casa de três andares, de onde resultam cinco ou seis arrobas de semente por ano. A “casa da criação” de três andares era um edifício alongado com duzentos e sete palmos de comprimento[35]  (pouco mais de 45 metros) e trinta e dois de largura (ou seja, 7 metros), e estava equipada no seu interior com caniços. O edifício integrava a “casa de nascimento” e esta era contígua a outras duas: uma “Casa da folha” e a “Casa da Mestra de Criação”. Tudo isto resultando de projeto concebido por Simão Osório, perfeitamente compartimentado e preparado para dar resposta a todo o processo de trabalho relacionado com a criação do bicho-da-seda e inclusive da fiação.[36]

Referindo-se à criação do bicho-da-seda, acrescenta o autor que “entre nós os crião todos em táboas, taboleiros”, ao contrário do que se fazia na sua “fábrica” onde só se usavam “caniços” ou “suportes de canas”, tal como se usava em Valência[37]

No primeiro andar do edifício construído na “Quinta da Lameda” havia cinco caniços, no segundo quatro e no terceiro o proprietário colocou mais cinco caniços[38]. Toda esta unidade de produção estava preparada para produzir dez arrobas de seda, resultado de um processo de funcionamento assegurado pela utilização de mecanismos técnicos e uma diversidade de materiais usados no processo – roldanas, lençóis, mato, giestas e canas.[39]

Na mesma Quinta da Alameda era também executada a fiação da seda utilizando-se a técnica de Valência.[40] Para tal Osório construiu uma outra “casa”, com cerca de 22 metros de comprimento, para a fiação da seda, onde se montaram oito engenhos para fiar a seda fina e dois para a seda de menor qualidade. No seu interior existiam dez fornalhas[41] que aqueciam água em tachos de grandes dimensões. Por cima de cada tacho era disposta uma joeira com os casulos a aquecer, após o que eram dispostos ao sol de modo a ficar prontos a ser fiados.[42]

Para a montagem de todo este dispositivo Simão Osório mandou vir de Valência técnicos com as suas famílias, que sustentou durante dezasseis anos com avultado ordenado, para trabalharem na sua “fábrica” e a dirigirem[43]. O governo central, por considerar muito válido o projeto desenvolvido por ele, também enviou para a sua fábrica um mestre para ensinar a fiar e ordenou a montagem de engenhos “à maneira dos de França”[44]. Iniciativa semelhante foi utilizada em Trás-os-Montes, onde se contrataram técnicos "piemonteses" para implementar a produção da seda. Estas medidas são reveladoras do interesse régio em promover o desenvolvimento da produção de seda nas regiões do interior e não só na Real Fábrica da Seda, até porque estas pequenas explorações poderiam ser subsidiárias e fornecer matéria-prima à própria Real Fábrica da Seda que absorveria a sua produção.

A análise dos elementos projetados e dos pormenores construtivos das edificações permitem visualizar o ambiente resultante dos critérios do fundador desta “fábrica” originada no ambiente rural do “hinterland” da cidade da Guarda. Os espaços de trabalho e de criação adaptavam-se a uma realidade própria, incorporando elementos que procuram antever e aproveitar as condições climáticas bem como reduzir prejuízos de uma possível doença, à semelhança do praticado em Valência.

A metodologia do projeto de edificação foi inovadora? Estava adaptado ao contexto local? A comunidade beneficiava da existência das atividades desenvolvidas na quinta da Alameda, ou nas outras quintas que dela tomaram exemplo? A comunidade ter-se-á desenvolvido graças à existência destas quintas? Qual o impacto da produção de seda na vida destas populações? Como atrair e fixar os operários em torno do complexo agroindustrial? Eis algumas das perguntas a que procuraremos responder.

Dinâmicas laborais

Tendo em consideração a dimensão e atividades da unidade produtiva de Simão Osório, importa conhecer as dinâmicas populacionais observadas para a localidade onde esta se situava. Tudo leva a crer que a empresa não oferecia casa para os trabalhadores. À exceção da família de valencianos, todos deveriam habitar na aldeia que ficava a escassos metros de distância da Quinta da Alameda, o que tornava dispensável a criação de alojamento específico.

A unidade agroindustrial estava ligada à localidade onde residiam os seus trabalhadores, que também dependiam de pequenas parcelas que arrendavam aos proprietários das quintas da região. Por outro lado, a quinta estava também associada à cidade da Guarda, onde habitavam os seus proprietários e se escoavam os produtos agrícolas e industriais ali produzidos.

A Quinta da Alameda é uma de várias quintas que têm o rio Mondego como elemento ordenador. As águas do rio saciam o gado, as plantas e as próprias populações, num extenso e fértil vale que se espraia nas suas margens e que por isso permitia o abastecimento da Guarda em produtos agrícolas para consumo dos citadinos[45].

A importância do rio e das atividades económicas a ele associadas resultavam num fator de atração populacional na região.

Todo o trabalho na Quinta da Alameda Setecentista era feito por homens e mulheres, embora o autor do “Tratado” refira que na sua fábrica eram as mulheres que faziam tudo[46], à semelhança do que era habitual em Itália e no espaço ibérico, onde a divisão sexual do trabalho estava subjacente às várias fases da produção[47]. As mulheres apanhavam a folha das amoreiras, separavam as folhas na “casa da folha”, tratavam dos bichos e retiravam os casulos do mato. Só no processo de retirar os casulos das giestas eram utilizados para cima de trinta trabalhadores, sendo que, nas palavras do autor, “os homens se inclinão mais a tirar o capillo, e as mulheres a anafaia”.[48] Esta prática assemelha-se à descrita por Pedro Miralles Martinez para a produção de seda na Múrcia Moderna: “De fevereiro a junho trabalhava-se na recolha da folha e na criação dos bichos. O fabrico da seda era uma tarefa inteiramente doméstica. Todos os membros da unidade familiar estavam implicados no processo: rapazes, raparigas, homens, mulheres, anciãos e anciãs, criados e criadas”.[49]

Os gastos com o pessoal eram inferiores aos exigidos no cultivo da vinha, que segundo Simão Osório deixava “mais perca no fim, que lucro”[50]. Esta diminuição de gastos prende-se com o facto de, comparativamente, a mão-de-obra na sua maior parte ser feminina, portanto mais barata, paga a meio-tostão por dia e uma “tigela de caldo ao jantar”.[51] Para sete semanas de trabalho, uma criação de bichos que produzisse 10 arrobas de seda necessitava de 1064 trabalhadoras.[52] Neste cálculo não estava incluída a mão-de-obra ocasional das pessoas “que o fazem por divertimento”, nem a mão-de- obra utilizada na fiação da seda, que depende da qualidade da mesma.[53]

No livro de registos de batismo da Paróquia do Porco (1763-1793) é possível observar um dinamismo populacional na deslocação de população para Porco provindas de localidades próximas como Celorico, Guarda, Cavadoude, Pêro Soares, Valdazares, ou de outras mais distantes como Castelo Branco, Pinhel, Braga, Guimarães, Manteigas, Viseu, Castelo de Penalva. Esta realidade era resultado da existência em Porco de várias quintas que atraiam gente dos referidos lugares para nelas trabalharem. A produção de seda criou na localidade um dinâmico mercado de trabalho associado a uma população que vivia do trabalho à jorna. No seu tratado, Simão Osório refere que a sua fábrica dava trabalho à população dos lugares vizinhos durante várias épocas do ano.

Pelo exposto se pode concluir que a exploração da Quinta da Alameda era de dimensões consideráveis e mobilizava um dinâmico mercado de trabalho da região. A produção de seda funcionava como catalisador da população local, regional e nacional, como refere com pormenor o requerimento que o próprio enviou à rainha D. Maria I.[54]

História local / História Ibérica

A localização da Quinta da Alameda, junto do Rio Mondego, apresenta semelhança com a situação de muitos polos da produção valenciana.[55] Simão Osório refere no seu tratado a existência de lameiros junto ao rio, em associação com as amoreiras e com a criação de gado. Por esta razão solicitou o arrendamento das coutadas a D. Maria I[56] de modo a conseguir acesso a mais terras para desenvolver a sua atividade pecuária (500 ovelhas), que complementava a produção de folha de amoreira para uso industrial. Compreende-se também a sua preocupação com a gestão das águas do rio seguindo as regras do regadio tradicional. A regulação da utilização das águas era indispensável para a sobrevivência da região e motivo de litígio entre vizinhos, quando havia desrespeito pelo regime consuetudinário de acesso às mesmas.[57]

A descrição por ele feita da sementeira, plantação e cultivo da amoreira, da criação do sirgo e processo de extração e fiação da seda surge-nos em tudo semelhante ao que se fazia em Valência.[58] A criação de uma exploração como aquela que consideramos só era possível graças ao facto de Simão Osório ter juntado o conhecimento teórico e prático, numa reflexão que se espelha no seu tratado.  Detinha também capacidade financeira despendida nos equipamentos, instalações e contratação de mão-de-obra especializada,[59] recorrendo a técnicos oriundos de Valência[60] e de França.

Como observaram muitos historiadores, o mercado condicionava o desenvolvimento técnico no mundo pré-industrial. Mas “o principal canal de difusão das inovações sempre foi a emigração de capital humano”[61], que se desenvolvia quando houvesse condições favoráveis para o fazer.[62]

A passagem de conhecimento através das migrações de técnicos ligados à produção de seda é resultado da grande mobilidade do artesão no espaço mediterrânico. Da mesma forma que os conhecimentos técnicos foram desenvolvidos em Valência pela deslocação de técnicos e artesãos genoveses, resultando numa “transferência tecnológica fundamental”[63] à evolução da indústria, também a produção na Quinta da Alameda terá beneficiado da vinda dos referidos técnicos valencianos e franceses.

De referir que os técnicos valencianos aí permaneceram o tempo suficiente para implementar as técnicas sericícolas durante décadas, constituir família e cimentar uma ligação duradoura à zona. Não apenas os estrangeiros procuravam a proteção do proprietário, como este aceitava dá-la, ao apadrinhar os seus filhos. O acolhimento e patrocinato de Simão Osório era o reconhecimento do valor do saber técnico dos valencianos, nuclear para o desenvolvimento da sua unidade agroindustrial.[64]

Simão Osório, apoiado pelo mecenato pombalino, conseguiu reunir o trabalho, o capital e os recursos naturais que permitiram aproveitar a mão-de-obra especializada, que ele também recrutou para desenvolver o seu projeto. Este facto corrobora a tese de Germán Navarro Espinach quando afirma que para o sucesso da disseminação tecnológica há que ter em conta o grau de integração fornecido pela “organização da sociedade receptora”. [65]

A curiosidade e procura deste conhecimento técnico não surpreende se atentarmos na existência, desde a Idade Média, de redes de circulação de mercadores e artesãos de origem portuguesa em centros de produção de seda ibéricos, como é o caso de Múrcia, Toledo, Valência, Zaragoza, Granada, Córdova, Valladolid, Salamanca[66], realidade histórica mencionada em muitos estudos especializados.

Este intercâmbio intensificou-se a partir do final do séc. XV com as políticas de expulsão e conversão forçada dos judeus, que encontraram neste espaço permeável de fronteira a conjuntura favorável à sua sobrevivência. Por exemplo, existem registos de uma comunidade de “conversos” em Ciudad Rodrigo no século XVII composta por população oriunda das redondezas, mas também de Portugal, nomeadamente da região da Beira. Estes “conversos” e seus descendentes, oriundos das terras beirãs (Covilhã, Trancoso, Almeida), fabricavam e comercializavam tecidos. Com a União Ibérica, sobrevinda a crise económica e a bancarrota de 1627 durante o governo de Filipe IV, o Conde-Duque de Olivares, com o intuito de atrair os negociantes portugueses para os negócios da fazenda real espanhola, concedeu-lhes liberdade de movimento. Os portugueses que “ofereciam a experiência e o capital que tinham conseguido acumular em Portugal” ganharam um lugar de destaque na Corte espanhola, numa época em que Lisboa perdia importância enquanto centro de negócios. Deste modo os “grandes” instalaram-se na corte e os mais pequenos, com o seu apoio, espalharam-se por terras de Castela.

Mercadores de tecidos, como os seus pais e avós em Portugal, estes comerciantes de origem judaica tentaram aumentar os seus rendimentos participando nos circuitos das rendas reais e nos negócios financeiros, ao mesmo tempo que almejavam a tão desejada “limpeza de sangue”.[67] De modo semelhante a extensa comunidade de cristãos-novos portugueses em Múrcia, até ao final do século XVII, entretecia ligações com as comunidades de Zaragoza, Barcelona, Madrid e Toledo.[68] Segundo Caro Baroja,[69] entre esta população destacavam-se os artesãos e comerciantes de seda. A seda, pelo seu elevado valor e especificidade técnica, era um importante investimento desta comunidade de origem portuguesa que realizava avultadas transações nos mercados ibéricos, comparáveis às realizadas pelos genoveses, por exemplo, em Múrcia.[70]

O historiador Casado Alonso[71] fala-nos da presença de portugueses das Beiras nas principais feiras da região de Valladolid no início da época moderna, denunciando uma estável comunicação entre as duas regiões ibéricas. A existência de comunidades de origem portuguesa nos principais centros de produção de seda da Península Ibérica ilustram os efeitos de um comércio regular.[72] A esta rede de comunicação e negócios, que permaneceu ao longo do tempo, acresce no caso de Simão Osório o conhecimento acumulado por um homem de cultura, informado, imbuído de curiosidade científica. A preferência pelas amoreiras de Espanha e pelos métodos de produção de Valência e de Almagro denotam uma familiaridade com outras regiões da Península Ibérica que tinha raízes nesta duradoura rede de comércio que desde o século XVI manteve unidos os dois lados da fronteira.[73] Como refere Joana Sequeira, também no primeiro ciclo quatrocentista do desenvolvimento da seda em Bragança, sob o patrocinato do epónimo Duque, a seda circulava entre Valência e o interior de Portugal.[74] O contacto com esta rede de comerciantes/empresários de seda, que fizeram desta região de fronteira um espaço de deslocação fluido aproveitando as conjunturas favoráveis aos seus negócios e à sua sobrevivência, é mais um fator a ter em conta na reconstrução do contexto concreto das iniciativas de Simão Osório.

Esta rota da seda, da qual a paróquia do Porco, com a sua Quinta da Alameda, longinquamente participava na segunda metade de Setecentos, unia várias cidades da Ibéria e da bacia mediterrânica. Para além das mercadorias, nela “[…] circulavam técnicas, gostos estéticos, conhecimentos, ideias, crenças religiosas” - processos de aculturação que enriqueceram as partes em contacto. Se alargamos ainda mais a escala da nossa observação, notaremos que foi justamente na época moderna que “[…] a Península Ibérica se converteu no epicentro histórico […] das rotas euroasiáticas, constituindo uma encruzilhada de comunicações entre a Europa Ocidental e o Norte de África, e entre o Mediterrâneo e o Atlântico.”[75]

Conclusão

No Prólogo do seu tratado Simão Osório advoga que a plantação de amoreiras era um projeto lucrativo, do qual já começava a retirar dividendos e por isso os seus compatriotas da província da Beira poderiam vir a ficar ricos dedicando-se a esta cultura. Conjugando a agricultura com a produção manufatureira e o comércio, emerge aqui um conceito de “enriquecimento poliforme”, como sugere Jorge Pedreira[76].

A Quinta da Alameda, na segunda metade do século XVIII, para além de culturas diversas, integrou uma extensa plantação de amoreiras e uma unidade de criação e fiação de seda. Beneficiou da localização privilegiada, junto do rio Mondego, mas sobretudo do empreendedorismo de um proprietário informado, culto, com ligações privilegiadas ao Marquês de Pombal e aos centros ibéricos da produção sericícola. A integração na região, a proximidade à Guarda e à zona de fronteira terão potencializado ligações com outras zonas da Península Ibérica, numa convergência de interesses e necessidades. Pela raia circulavam gente, conhecimentos, técnicas, laços que tornavam possíveis os negócios e os consolidavam. A fronteira ao invés de confinar permitiu, ao longo da história desta zona, a criação de relações de convivência entre comunidades com os mesmos problemas do quotidiano. 

O escoamento da produção de seda da Quinta da Alameda, em declaração do seu proprietário, teria como principal destino a Real Fábrica da Seda[77], mas não é de excluir a sua venda em mercados transmontanos como os estudados por Fernando Sousa[78], ou mesmo ibéricos, pese embora a inexistência de uma rede de comunicações eficaz que servisse a região e ajudasse a consolidar o negócio. Segundo David Justino o problema do escoamento da produção do interior do país para o litoral colocava-se não tanto pela “incapacidade de oferta ou de uma reduzida procura de bens, mas sim na dificuldade, ou mesmo da impossibilidade de acesso ao mercado”. A Guarda para estabelecer ligações com o mercado nacional, utilizando o transporte fluvial, teria que aceder aos portos fluviais do Douro, do Mondego, na Foz do Dão ou ao Tejo, em Abrantes[79]. O próprio Simão Osório, em requerimento à rainha D. Maria I, afirma que para reconstruir a sua unidade de criação de bichos da seda após um incêndio, teve de mandar vir de cerca de 15 a 20 léguas em carros de bois “o que era preciso”, processo moroso e de grande despesa[80].

Por quanto tempo permaneceu o empreendimento de Simão Osório? O que aconteceu a todo este património? Acúrsio das Neves refere que a mudança da governação que se sucedeu à morte do rei D. José terá sido fatal aos estabelecimentos que o Marquês apoiara. A estrutura criada por Simão Osório, embora tenha continuado, foi “afrouxando cada vez mais, até que acabou de todo”. A Várzea onde se cultivavam amoreiras passou a servir para o cultivo de milho e feijões existindo, em 1827, uma pequena quantidade de amoreiras cujas colheita de folhas se arrendavam a particulares. As próprias amoreiras passaram a fornecer madeira para, entre coisas várias, armar parreiras de vinha.[81] Alguns autores relacionam o posterior declínio da operação montada no século XVIII com as invasões francesas[82] e com as subsequentes convulsões políticas, ou apontam mesmo o desinvestimento nacional na indústria da seda a partir dos inícios do século XIX.[83] Explicações válidas, apesar de parcelares, como conclui Jorge Pedreira ao referir-se ao atraso económico português entre 1800 e 1825.[84]

Simão Osório, o fidalgo com “rústica profissão”[85] e com “o zelo de concorrer para o bem público”[86],  terá sido um desses “empresários privados que devemos procurar conhecer melhor”[87], caso singular plenamente integrado numa elite local seduzida por ideias inovadoras. Em Portugal a influência das Luzes traduziu-se em múltiplos projetos industriais (muitas vezes votados ao fracasso), isoladas “reformas” educativas, iniciativas científicas de duração variável. Passado o benefício do mecenato pombalino, o novo empreendimento certamente se viu envolvido num “mar de dificuldades, em que não devem ser subestimadas as próprias resistências sociais”[88]. Nessa “dialética entre transformação e tradição”[89] que marcou a segunda metade de Setecentos, o seu empreendimento abre novas perspetivas à nossa compreensão do passado da Guarda e da história da seda na sua região.

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[1] José Amado Mendes, “A indústria da seda em Portugal nos fins do Antigo Regime: decadência e estímulos”, Arqueologia Industrial (Coimbra), II Série, 1(1993), p. 56.

[2] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras e Creação dos Bichos da Seda, Lisboa, Regia Officina Typografica,1773, p. 1-2.

[3] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, Prólogo.

[4] Germán Navarro Espinach, “Los Negocios de la Burguesía en la Industria Precapitalista Valenciana de los Siglos XIV-XVI, Revista d’Història Medieval 11 (2000), p. 96 e 99; Germán Navarro Espinach, “El arte de la seda en el Mediterráneo medieval”, conferência apresentada no Seminário internacional Técnicas y ritmos del trabajo urbano en el Mediterráneo Medieval, Novembro de 2001.

[5] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, Carta Dedicatória.

[6] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, p. 84. Trata-se da obra “La Nouvelle Maison Rustique” do prolífico agrónomo francês Louis Liger (1658–1717) traduzida para espanhol por Francisco de la Torre y Ocón. Ver sobre este último autor Carmen Cazorlas Vivas, “Francisco de la Torre y Ocón (1660-1725)” Biblioteca Virtual de la Filología Española (BVFE) https://www.bvfe.es/es/autor/10774-torre-y-ocon-francisco-de-la.

[7] Rafael Bluteau, Instruçam sobre a cultura das Amoreiras, & criação dos Bichos da seda Dirigida a conservação, & augmento das manufacturas da seda, Estabelecida pelo muito alto, & poderoso Principe Dom Pedro, Governador, e Regente dos Reinos de Portugal E cometida à direcção de D. Luis de Menezes Conde da Ericeira, & Veedor da Fazenda Real, 1768.

[8] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, Segunda Parte, Cap. I, p. 41-42. 

[9] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, Prólogo.

[10] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, p. 41.

[11] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, Carta Dedicatória.

[12] A este propósito é interessante a descrição que Acúrsio das Neves faz dos incentivos pombalinos à produção e à importação de pés de amoreira na Estremadura (por exemplo, em Almeirim), no Alentejo, na Beira, e em Trás-os-Montes: José Acúrsio das Neves, Noções históricas, económicas e administrativas sobre a produção e manufactura das sedas em Portugal, e particularmente sobre a Real Fábrica do Subúrbio do Rato e suas anexas, Lisboa, Impressão Régia, 1827, p. 163-174.

[13] A título de exemplo, pode referir-se que, em 1773, Pedro Soares de Alcantara, “o mesmo a quem se encarregara a inspecção das plantações, e creações do districto dos Olivaes, foi encarregado de fazer huma viagem á Beira, e Trás-os-Montes, para dirigir e animar as destas províncias”: José Acúrsio das Neves, Noções históricas, económicas e administrativas sobre a produção e manufactura das sedas em Portugal, p. 177.

[14] Pela lei de 20 de fevereiro de 1752 foram publicadas disposições que estabeleceram tentadores privilégios para os cultivadores de amoreiras e produtores de seda. Estes podiam vir a usufruir de redução nas sisas, dízimos e portagem, isenção de serviços, habilitação a servirem nos empregos das cidades que tradicionalmente requeriam estatuto de nobreza e, se fossem nobres, poderiam ver aumentados os seus foros de nobreza. Para tal os lavradores deveriam registar nas câmaras a quantidade de amoreiras que tinham plantadas bem como a quantidade de seda produzida em cada ano. José Acúrsio das Neves, Noções históricas, económicas e administrativas sobre a produção e manufactura das sedas em Portugal, p. 164-165.

[15] José Acúrsio das Neves, Noções históricas, económicas e administrativas sobre a produção e manufactura das sedas em Portugal, p. 179.

[16] Arquivos Nacionais – Torre do Tombo (doravante ANTT), Ministério do Reino, mç. 921, proc. 43: “Requerimento de Simão de Oliveira da Costa e Almeida Osório, natural da Guarda, criador de seda, solicitando o arrendamento de terras destinadas ao fabrico da seda”.

[17] José Acúrsio das Neves, Noções históricas, económicas e administrativas sobre a produção e manufactura das sedas em Portugal, p. 114. 

[18] José Acúrsio das Neves, Noções históricas, económicas e administrativas sobre a produção e manufactura das sedas em Portugal, p. 164-165. 

[19] Como o Próprio Simão Osório refere em carta dedicatória no seu Tratado Pombal interessava-se “eficazmente por este ramo de agricultura” e promovia-o por todo o reino. Acrescenta mais, dizendo que sabia que o marquês aprovava a sua empresa e “abonava” as suas esperanças, devendo, por conseguinte, o sucesso do seu trabalho e os lucros da sua cultura à ação do próprio governante: Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, Carta Dedicatória.

[20] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, Prólogo.

[21] ANTT, Ministério do Reino, mç. 921, proc. 43: “Requerimento de Simão de Oliveira da Costa e Almeida Osório, natural da Guarda, criador de seda, solicitando o arrendamento de terras destinadas ao fabrico da seda”.

[22]Francisco Asensio Rubio, ”El Conde de Valparaíso y su tiempo”, Espacio, Tiempo y Forma, Série Historia Moderna, 8 (1995), p. 155-173.

[23] ANTT, Ministério do Reino, mç. 921, proc. 53: “Requerimento de Simão de Oliveira da Costa e Almeida Osório, fidalgo da casa real, criador de seda, solicitando o privilégio para que mais ninguém possa arrendar as coutadas do lugar da Ramalhosa e do lugar do Porco, de forma a poder fertilizar a sua quinta”.

[24] “Era uma quinta brasonada, [brasão que se encontra no interior da igreja de Aldeia Viçosa] imponente, ensolarada, dotada de jardins com pinturas murais, repuxos, tanques [um deles encontra-se no adro da igreja], miradouros e uma alameda de passeio e lazer que começava no portão do "Conhedo” e seguia, ladeada de buxos, ao longo de uma mata paralela à levada. A casa solarenga tinha dois pisos e várias divisões, sendo assiduamente habitada pelos seus proprietários e familiares.”:  José Manuel Coutinho dos Santos, Um Magusto Por Obrigação e Devoção, Guarda, Câmara Municipal da Guarda – Núcleo de Acção Cultural, 2008.

[25] ANTT, Ministério do Reino, mç. 921, proc. 43: “Requerimento de Simão de Oliveira da Costa e Almeida Osório, natural da Guarda, criador de seda, solicitando o arrendamento de terras destinadas ao fabrico da seda”.

[26] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, p. 82.

[27] Existiria pela época esta prática estabelecida na região, pois Simão Osório no capítulo I da sua obra diz ver na Guarda “creações felicíssimas” de bicho-da-seda, fazendo, no capítulo III, referência aos criadores seus vizinhos que “neste presente anno, que foi desgraçado para a creação, a mim me cresceo muita folha; concorrerão muitos vizinhos da minha quinta no valle do Mondego a colhella“.

[28] Jorge Miguel Pedreira, “Indústria e atraso económico em Portugal (1800-25). Uma perspectiva estrutural, Análise Social 23 (1987), p. 567.

[29] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, p. 46.

[30] José Acúrsio das Neves, Noções históricas, económicas e administrativas sobre a produção e manufactura das sedas em Portugal, p. 180. 

[31] ANTT, Ministério do Reino, mç. 921, proc. 43: “Requerimento de Simão de Oliveira da Costa e Almeida Osório, natural da Guarda, criador de seda, solicitando o arrendamento de terras destinadas ao fabrico da seda”.

[32] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, p. 43.

[33] Jorge Miguel Pedreira, “Indústria e atraso económico em Portugal (1800-25)”,p. 567.

[34] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, p. 88.

[35] A unidade de medida apresentada por Simão Osório na sua descrição dos espaços construídos é o “Palmo”. Dada a diversidade de medidas existentes em Portugal antes da normalização decimal, considera-se o palmo referido pelo autor como equivalente ao “palmo de vara”  (=21,9 cm), a que alude Luís Seabra Lopes, A Metrologia em Portugal em Finais do século XVIII e a ‘Memória sobre Pesos e Medidas’ de José de Abreu Bacelar Chichorro, Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2018: “Tomando como mais fiáveis as medidas interiores [medidas gravadas na pedra da ´Torre das Medidas’, em Montemor o Velho, referidas em manuscrito de 1795, de José de Abreu Bacelar Chichorro], infere‑se da vara um palmo de 109.5/5 = 21.9 cm e do côvado um palmo de 66.3/3 = 22.1 cm.”, p. 172 (nota  60).

[36] Os “Caniços” para a criação do bicho eram estruturas fixas ou amovíveis feitas de canas sobrepostas a dois palmos uma das outras e com a largura correspondente a nove palmos. Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, p. 44-45.

[37] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, p. 85 e 86.

[38] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, p. 58.

[39] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, p. 78 e 79.

[40] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, p. 69 e 70.

[41] ANTT, Ministério do Reino, mç. 921, proc. 53: “Requerimento de Simão de Oliveira da Costa e Almeida Osório, fidalgo da casa real, criador de seda, solicitando o privilégio para que mais ninguém possa arrendar as coutadas do lugar da Ramalhosa e do lugar do Porco, de forma a poder fertilizar a sua quinta”.

[42] Processo semelhante é representado em gravura do pintor flamenco Jan Van Der Straet (c. 1580-90) e inserida na obra “Vermis Sericus” impressa em 1595:  British Museum, Registration number 1948, 0410.4.215; The Metropolitan Museum of Art (New York), Acc. # 49.95.869(5).

[43] ANTT, Ministério do Reino, mç. 921, proc. 53: “Requerimento de Simão de Oliveira da Costa e Almeida Osório, fidalgo da casa real, criador de seda, solicitando o privilégio para que mais ninguém possa arrendar as coutadas do lugar da Ramalhosa e do lugar do Porco, de forma a poder fertilizar a sua quinta”.

[44] ANTT, Ministério do Reino, mç. 921, proc. 43: “Requerimento de Simão de Oliveira da Costa e Almeida Osório, natural da Guarda, criador de seda, solicitando o arrendamento de determinadas terras destinadas ao fabrico da seda”.




[45] Faz parte da cultura popular da região a ideia de o vale do Mondego desde sempre ter sido, até ao advento das grandes superfícies e da globalização do comércio, o centro abastecedor da cidade.

[46] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, p. 64.

[47] Germán Navarro Espinach, “La seda en Italia y España (siglos XV-XVI). Arte, tecnologia y diseño, Revista Diálogos Mediterrânicos, 10 (2016), p. 77.

[48] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, p. 68.

[49] Pedro Miralles Martinez, “El cultivo, la manufactura e el comércio de la seda en la Murcia moderna; del êxito del hilado al fracaso del tejido in Ricardo Franch Benavent, German Navarro Espinach (eds), Las Rutas de la Seda en la Historia de España y Portugal, Valencia, Universitat de València, 2017, p. 204.

[50] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, p. 80.

[51] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, p. 80.

[52] Número apontado para a mão de obra necessária a todo o processo produtivo, desde a colheita da folha, preparação das balsas onde eram colocados os bichos, colocação do mato nos caniços, retirar o casulo do mato, colocar o casulo ao sol e prepará-lo para fiar, e cuidar de todas as instalações. No total os gastos com esta mão de obra orçavam em 53.200 reis: Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, p. 81.

[53] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, p. 82.

[54] ANTT, Ministério do Reino, mç. 921, proc. 43: “Requerimento de Simão de Oliveira da Costa e Almeida Osório, natural da Guarda, criador de seda, solicitando o arrendamento de determinadas terras destinadas ao fabrico da seda” - “resulta tão bem na Fabrica do Supplicante pela sua grandeza o de ocupar muitas pessoas de hum, e outro sexo dos lugares circumvezinhos em muitos tempos do anno, que não a havendo estarião ociosas, e finalmente o de servir de modelo, e exemplo a muitos sogeitos, que depois della se tem animado desta Cultura”.

[55] Ricardo Franch Benavent refere que, em Valência, a plantação de amoreiras era feita nas terras mais férteis situadas nas bacias dos três grandes rios da região – Túria, Xúquer e Segura: “La seda en la Valencia Moderna. De la expansion Produtiva y Manufacturera del siglo XVI ao Período de Esplendor del siglo XVIII, in Las Rutas de la Seda en la Historia de España y Portugal, p. 140.

[56] Através da obtenção de coutadas Simão Osório queria reservar para si os direitos de pastagem e passagem, retirando a outros esses proveitos: ANTT, Ministério do Reino, mç. 921, proc. 53: “Requerimento de Simão de Oliveira da Costa e Almeida Osório, fidalgo da casa real, criador de seda, solicitando o privilégio para que mais ninguém possa arrendar as coutadas do lugar da Ramalhosa e do lugar do Porco, de forma a poder fertilizar a sua quinta”.

[57] ANTT, Ministério do Reino, mç. 921, proc. 53.

[58] Germán Navarro Espinach, El arte de la seda en el Mediterraneo medieval, p. 13-16.

[59] Joana Sequeira menciona o papel de destaque que desde a Idade Média os artesãos estrangeiros tiveram na implementação da produção de seda em Portugal. Criaram-se “verdadeiras rotas da seda […] percorridas” por estes especialistas que promoveram uma verdadeira disseminação do conhecimento e das técnicas: Las Rutas de la Seda en la Historia de España y Portugal, p. 373.

[60] “[…] chegando athe o ponto de mandar vir huns homens do Reino de Valença com sua família; que por muitos anos sustentou, e com avultado ordenado para trabalharem nella, e a dirigirem com as melhores instrucçõens, a bem da mesma Cultura das amoreiras, Creação de bichos, e suas respectivas producçoens […]: ANTT, Ministério do Reino, mç. 921, proc. 43, “Requerimento de Simão de Oliveira da Costa e Almeida Osório, natural da Guarda, criador de seda, solicitando o arrendamento de terras destinadas ao fabrico da seda”.

[61] Germán Navarro Espinach, “El arte de la seda en el Mediterraneo medieval, Conferência apresentada no Seminário internacional Técnicas y ritmos del trabajo urbano em el Mediterráneo Medieval, 2001, p. 7.

[62] Germán Navarro Espinach, El arte de la seda en el Mediterraneo medieval, p. 6-8.

[63] Germán Navarro Espinach, El arte de la seda en el Mediterraneo medieval, p. 25.

[64] Nos Registos de batismo de Aldeia Viçosa dos anos de 1763, 1766, e 1768, é possível encontrar o registo de batismo de três filhos de “Gregorio Sapateyro e sua mulher Antonia Gilberto naturais da villa de Oliva do Bispado e reyno de Valencia assistentes na Quinta do capitão mor da Guarda”. Como padrinhos dos batizados aparecem referidos o próprio Simão Osório, a sua mulher ou os seus filhos: PT/ADLSB/PRQ/PGRD31/001.

[65] Germán Navarro Espinach, El arte de la seda en el Mediterraneo medieval, p. 7.

[66] Francisco José Aranda Pérez, “El horizonte de la seda en el reino de Toledo en la época moderna, in Las Rutas de la Seda en la Historia de España y Portugal, p. 185; Pedro Miralles Martinez, “Mercadores Portugueses en la Murcia del siglo XVIIin I Coloquio Internacional “Los Extranjeros en la España Moderna”, Málaga, 2003, Tomo I, p. 505 – 517; Pedro Miralles Martinez,El cultivo, la manufactura y el comercio de la seda en la Murcia moderna: del êxito del hilado al fracasso del tejido, in Las Rutas de la Seda en la Historia de España y Portugal, p. 204.

[67] Pilar Huerga Criado, En la Raya de Portugal. Solidaridad y tensiones en la comunidade Judeoconversa, Salamanca, Universidad de Salamanca, 1994, p. 36, 41, 43.

[68] Pedro Miralles Martinez, “Mercadores Portugueses en la Murcia del siglo XVII, in I Coloquio Internacional “Los Extranjeros en la España Moderna”, Málaga, 2003, Tomo I, p. 505 - 517.

[69] Julio Caro Baroja, Los judíos en la España Moderna y Contemporánea, Madrid, Istmo, 1986, Vol. I, p. 374.

[70] Pedro Miralles Martinez, “Mercadores Portugueses en la Murcia del siglo XVII”, p. 506-509.

[71] Hilario Casado Alonso, “Comprar y vender en las ferias de Castilla durante los siglos XV y XVI in Judicaël Petrowiste, Mario Lafuente Gomez (eds), Faire son Marché au Moyen Âge, Madrid, Casa de Velázquez, 2018, 111-131. https://books.openedition.org/cvz/5402.

[72] Francisco José Aranda Pérez, “El horizonte de la seda en el reino de Toledo en la época moderna, in Las Rutas de la Seda en la Historia de España y Portugal, p. 176,185; Pedro Miralles Martinez, “El cultivo, la manufactura e el comércio de la seda en la Murcia moderna; del êxito del hilado al fracaso del tejido, in Las rutas de la seda en la Historia de España y Portugal, p. 204-21.

[73] Continuamos a investigar a possibilidade de Simão Osório se ter deslocado a estes locais além-fronteiras, à semelhança do que fez em relação a unidades de produção portuguesas em Abrantes, tal é a precisão com que fala dos métodos e das plantas cultivadas na região Valenciana em vários passos do seu texto: Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras …, p. 22, 35, ou 71.

[74] Joana Sequeira, “A Indústria da Seda em Portugal entre os Séculos XIII e XVI, in Las Rutas de la Seda en la Historia de España y Portugal, p. 365-367.

[75] Ricardo Franch Benavent, Germán Navarro Espinach, “Introducción” in Las Rutas de la seda en la história de España, p. 12.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          

[76] Jorge Miguel Pedreira, “Indústria e atraso económico em Portugal (1800-25). Uma perspectiva estrutural”, Análise Social, 22 (1987), p.. 594-595.

[77] ANTT, Ministério do Reino, mç. 921, proc. 43: “Requerimento de Simão de Oliveira da Costa e Almeida Osório, natural da Guarda, criador de seda, solicitando o arrendamento de determinadas terras destinadas ao fabrico da seda”. O edital de 26 de março de 1773, procurando animar os criadores, estipulava que a Real Fábrica da Seda comprar-lhes-ia as sedas fiadas “sendo de primeira sorte a 3600 reis o arrátel; de segunda sorte a 3400 reis; de terceira sorte a 3000 reis.”: José Acúrsio das Neves, Noções históricas, económicas e administrativas sobre a produção e manufactura das sedas em Portugal, p. 172.

[78] Por exemplo nas feiras transmontanas de Mirandela, Grijó e Azinhoso onde havia a venda de seda em rama: Fernando de Sousa, História das Sedas em Trás-os-Montes, Porto, Edições Afrontamento, 2006, Vol. 1, p. 63.

[79] Rui Miguel Paiva Pissarra, A chegada do Comboio à cidade da Guarda em finais do século XIX Expetativas e Repercussões, Lisboa, Universidade Aberta -Departamento de Humanidades, 2011, p. 63.

[80]ANTT, Ministério do Reino, mç. 921, proc. 53: “Requerimento de Simão de Oliveira da Costa e Almeida Osório, fidalgo da casa real, criador de seda, solicitando o privilégio para que mais ninguém possa arrendar as coutadas do lugar da Ramalhosa e do lugar do Porco, de forma a poder fertilizar a sua quinta”.

[81] José Acúrsio das Neves, Noções históricas, económicas e administrativas sobre a produção e manufactura das sedas em Portugal, p. 184. 

[82] Segundo José Manuel Coutinho dos Santos a quinta terá sido incendiada em 1811 aquando da passagem das tropas francesas pela “paróquia de Aldeia Viçosa, verifica-se que foram apenas quatro as quintas incendiadas. Três delas sabemos quais foram: a Quinta das Relvas, a Quinta da Várzea e a Quinta da Alameda”. Desta última “o solar e casas anexas foram totalmente incendiados e reduzidas a escombros”. Cita os danos do então proprietário (Francisco Lopes Calheiros), “vítima de roubo de dois bois” mencionados em “Relação de Danos”, manuscrita: “logo que o Inimigo entrou em Portugal e passou por esta freguesia”: “Neste Vale de Lágrimas - A passagem das tropas de Massena pelo Vale do Mondego e Aldeia Viçosa”, Praça Velha, 24 (2007), p. 71 e 73.

[83] José Acúrsio das Neves, Noções históricas, económicas e administrativas sobre a produção e manufactura das sedas em Portugal, p. 296, 298. 

[84] Pedreira, Jorge Miguel, Indústria e atraso económico em Portugal (1800-25), p. 583-596.

[85] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, Dedicatória.

[86] Simão de Oliveira da Costa Almeida Ozório, Tratado Prático da Cultura de Amoreiras, p. 98.

[87] Jorge Miguel Pedreira, Indústria e atraso económico em Portugal (1800-25), p. 594.

[88] Jorge Miguel Pedreira, Indústria e atraso económico em Portugal (1800-25), p. 595.

[89] Brian Hamnett, The Enlightenment in Iberia and Ibero-America, Cardiff, University of Wales Press, 2017, p. 263.
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