Projetos selecionados - 2020

O Júri do Prémio CEI-IIT Investigação, Inovação e Território 2020 deliberou distinguir os seguintes projetos:

Modalidade 1 - Apoio a trabalhos e projetos de investigação

“Migrações de Estudantes para as Regiões Periféricas: Fluxos de talento e motores de inovação”, de Maria Madalena Saraiva Pires da Fonseca, Professora na Universidade do Porto.

Modalidade 2 - Apoio a projetos e iniciativas inovadoras

“Impact”, de Inês Alves e Lara Plácido, Arquitetas


“Migrações de Estudantes para as Regiões Periféricas: Fluxos de talento e motores de inovação”, de Maria Madalena Saraiva Pires da Fonseca,

O presente projeto de investigação tem como objeto de estudo, as migrações de estudantes para as instituições de ensino superior (IES) das cidades médias, das áreas periféricas do Centro de Portugal - Universidade da Beira Interior (UBI), Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) - e a forma como eles podem ser um fator de mobilização das instituições locais, pelo seu potencial de inovação. As regiões periféricas têm sido muito estudadas e as razões do seu atraso investigadas por diferentes áreas do conhecimento em torno da Geografia Económica. A sua base económica fragilizada e vulnerável, a sua população envelhecida, o seu reduzido capital social e as suas organizações presas em redes de nepotismo e corrupção não têm permitido que processos de inovação e crescimento surjam a partir de dentro, ainda que muitas das políticas experimentadas se baseiem no pressuposto do crescimento endógeno. Regra geral, estas regiões dispõem de boas infraestruturas físicas graças a grandes investimentos no âmbito da política de coesão. Esse é o caso do ensino superior, onde se regista, muitas vezes, uma oferta superior à procura local. Os fluxos de estudantes, embora vindos de fora, podem converter-se num recurso endógeno. O projeto tem como objetivo testar este argumento, no sentido de o alargar a outras áreas e aprofundar o conhecimento da mudança institucional. Independentemente da sua magnitude, trata-se de um fluxo de entrada de “inovação” nas regiões periféricas, que pode contribuir para mudar o quadro institucional local. Estes jovens trazem desde logo, qualificações elevadas e inteligência, abertura de mentalidades, multiculturalismo, disponibilidade para aprender e mudar e podem ajudar a construir uma reputação nas cidades médias no sentido de as tornar mais atrativas. Associados a outros, de jovens diplomados e funcionários alocados a estas regiões, podem contribuir para o desenvolvimento de ambientes atrativos, à semelhança do que acontece nos grandes centros. A presente proposta corresponde a um estudo piloto, a apoiar pelo Prémio CEI-IIT 2020. A quase totalidade do montante do prémio (1.500,00 €) será convertida numa bolsa de estudo para uma estudante de mestrado desenvolver a sua tese, sob a coordenação da proponente. Esse será o principal output do projeto, para disseminação dos resultados. O estudo, porém, será o ponto de partida para um projeto subsequente, mais amplo.


“Impact”, de Inês Alves e Lara Plácido

Poderá a construção civil contribuir para a redução do impacte ambiental num território insular emergente? Arriscamo-nos com um “talvez”, caso possamos controlar a forma como a construção se processa. Cerca de 20% do PIB em Cabo Verde centra-se no turismo e, a construção, é um dos principais sectores em crescimento. A um nível global, sabemos que a indústria da construção consome cerca de 50% dos recursos naturais no mundo. Localmente, 80% dos produtos consumidos são importados; o sector da construção não é uma exceção. Sabemos ainda da inexistência de soluções para o tratamento dos lixos e da ausência de dados relativos à habitação considerada digna - questão muito pertinente no contexto atual de covid-19.

Numa economia centrada na construção e turismo, onde os recursos escasseiam e onde se prevê que o investimento público-privado nesses sectores continue a aumentar, é urgente pensar de que forma se consegue reduzir o impacte ambiental transcorrido dessas dinâmicas.

Deste modo, é proposto um sistema construtivo em cimento cru, onde se colmata a falta de recursos naturais necessários para a construção e se canaliza o material descartado da importação, através do recuso à matéria prima resultante do packaging dos produtos, com a substituição de uma parte dos inertes por plástico e vidro triturados na mistura. Formalmente propõem-se formas dinâmicas e de encaixe que têm por fim, não só, permitir a continuidade da técnica tradicional em junta seca, como também, contribuir para aumentar critérios de rigor e segurança na construção.

A introdução deste sistema construtivo no mercado, potencia a criação de redes de economia circular, combatendo o desemprego jovem e salvaguardando a capacitação das mulheres para o trabalho digno – a quem cabe frequentemente, não só, a tarefa da labuta da areia, como se verifica no Norte da ilha de Santiago, mas também o papel de chefe de família, sendo de referir que cerca de 30,2% das famílias monoparentais no país são chefiadas por mulheres, contra 6,5% por homens. (INE, 2017)  

Pretende-se por fim que o acesso crescente à formação/informação na área da construção/autoconstrução, permita assegurar novas conquistas para uma maior dignidade humana e do habitar.

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