2011 - Mia Couto

António Emílio Leite Couto (Mia Couto), jornalista, biólogo e escritor é uma das figuras mais importantes da cultura moçambicana.

A criatividade e os contornos transversais da obra, a heterodoxia lexical a que recorre e o empenho cívico assumidos por Mia Couto transformaram-no numa referência cultural do espaço lusófono, num interlocutor privilegiado e potenciador do diálogo plural e aberto que importa aprofundar com o mundo ibero-americano.

A obra criadora de Mia Couto representa um contributo assinalável para a construção de uma Língua portuguesa de matriz planetária. A edição dos seus livros nos países de língua portuguesa (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique) e latino-americano (Espanha, Argentina, Chile, México) fazem de Mia Couto o principal mensageiro africano da lusofonia nos espaços de expressão ibérica, funcionando a sua obra literária como importante estimulo ao diálogo, uma ponte aberta à cooperação cultural entre África, Europa e América Latina.

Em certo sentido, a multipolaridade da sua matéria literária cumpre o desígnio de uma outra “Jangada de Pedra”, de natureza cultural, que expressando ao mais alto nível a condição humana, amplia a realidade idiomática, tão rica em diversidades, do nosso intemporal falar global.

Empenho cívico e percurso criativo, valores caros a Eduardo Lourenço, ancorados numa obra que transcende as fronteiras matriciais ou as que delimitam o respetivo universo ficcional levam a reconhecer Mia Couto como um autor cujo contributo é inestimável para estreitar a cooperação e difundir a cultura ibérica a territórios situados para além do restrito espaço peninsular europeu.