2007 - Maria João Pires

Reconhecida internacionalmente como uma exímia intérprete de compositores do período clássico e romântico, como Mozart, Chopin, Schubert e Beethoven, a pianista Maria João Pires percorreu - e esgotou - as melhores salas de espectáculo do mundo. Exemplo excepcional de como o talento português ultrapassa fronteiras, Maria João Pires é hoje uma referência internacional. Cidadã do Mundo, defende a ideia de uma aproximação entre Portugal e Espanha por considerar que as diferenças culturais entre os dois países são no, no fundo, do mesmo tipo das que podem existir, por exemplo, entre a Catalunha e a Andaluzia. Maria João Pires destacou-se pelo trabalho de cooperação e intercâmbio cultural entre Portugal e Espanha, através do desenvolvimento de projectos comuns, com particular realce para os que têm tido lugar na região raiana.

“Mais do que referir os méritos da Premiada cabe-me sobretudo referir que ao homenagear Maria João Pires estamos a valorizar a matriz cultural de um espaço geográfico que se descobriu ao descobrir o Mundo e de onde continuam a partir os descobridores de um novo universo, desta feita interior, de sentimentos agora alcançados através do talento de uma grande Pianista. (…) Maria João Pires escreve, uma vez mais, o Prémio Eduardo Lourenço no feminino e acrescenta uma terceira interpretação desta partitura no harmonioso conjunto de sons musicais e de silêncios de que a sua arte é exemplarmente pródiga. É pois um dia dedicado a dois seres de excepção: um que dá o nome ao Prémio, Eduardo Lourenço, o outro que o recebe, Maria João Pires.”

Fernando Seabra Santos [2007], Revista Iberografias nº 3, CEI, Guarda, pp. 106-107.