Projetos selecionados - 2017

Modalidade 1. Investigação: “Territórios e sociedades em tempo de mudança”

Iniciativas de "ageing in place" - Valorizar e Divulgar

de António Manuel Godinho da Fonseca, Psicólogo e Professor na Universidade Católica Portuguesa, doutorado pela Universidade do Porto

Resumo do projeto

Pretende-se com este projeto efetuar um levantamento de experiências inovadoras e boas práticas de coesão social, designadamente, no que respeita ao combate ao isolamento e à promoção da inclusão social dos cidadãos mais velhos nas respetivas comunidades, valorizando o que é habitualmente designado por “ageing in place” (“envelhecer na comunidade”, em tradução livre). Este levantamento seria efetuado, com o apoio deste Prémio, nos distritos da Guarda e de Castelo Branco (Beira Interior). Através deste estudo será possível evidenciar a importância do conceito de "ageing in place" em termos funcionais e emocionais, recolhendo e divulgando o que já é feito, em comunidades de cariz mais urbano e mais rural, no sentido de manter as pessoas idosas a viver e a participar na vida das suas comunidades pelo tempo mais alargado que lhes for possível. Através deste levantamento e da sua divulgação, para além da valorização pública do trabalho realizado, produziremos um manual de boas práticas suscetível de ser utilizado por outras instituições em territórios de baixa densidade com características idênticas aos da Beira Interior. 

Descrição do projeto

À pergunta "qual o lugar ideal para envelhecer? ", as pessoas mais velhas respondem geralmente "aquele que eu já conheço!" Na verdade, envelhecer no lugar onde se viveu a maior parte da vida e onde estão as principais referências dessa vida (relacionais e materiais) constitui uma vantagem em termos de manutenção de um sentido para a vida e de preservação de sentimentos de segurança e familiaridade. Isto é alcançado tanto pela manutenção da independência/autonomia como pelo desempenho de papéis nos locais onde as pessoas vivem. Assim, o "ageing in place" atua de múltiplos modos, que precisam de ser tidos em conta na definição de ações e políticas dirigidas aos mais velhos. Neste projeto exploramos o conceito de "ageing in place" através da recolha, sistematização e divulgação de experiências e boas práticas que já são implementadas na Beira Interior mas cujo conhecimento público poderá ainda ser escasso ou mesmo inexistente. Ao tornar estas experiências e boas práticas do domínio público estaremos não só a reforçá-las (e aos seus promotores) mas também a sinalizar um caminho de intervenção social defendido pela Organização Mundial de Saúde quando se referia ao "ageing in place" como ter apoio social necessário para viver, com segurança e de forma independente, em casa e na comunidade à medida que se envelhece (WHO, 2015).

Localização /incidência geográfica

Beira Interior (distritos de Guarda e Castelo Branco)

Relevância do Projeto

Ageing in place" significa a capacidade de continuar a viver em casa e na comunidade ao longo do tempo, com segurança e de forma independente. Este conceito requer uma abordagem interdisciplinar protagonizada pela gerontologia, valorizando intervenções em diferentes escalas: nacional, regional, comunitário e individual. Ao efetuarmos o levantamento de experiências e boas práticas neste domínio já em curso na Beira Interior estaremos a valorizar os esforços que, a nível regional e comunitário, têm sido desenvolvidos para a manutenção dos idosos nas suas habitações e nas suas comunidades. Atualmente, nos países economicamente mais favorecidos, quando os idosos começam a perder autonomia e capacidades, a opção é muitas vezes a institucionalização, enquanto nos países economicamente mais frágeis o "ageing in place" surge não como uma opção mas sim uma neces-sidade, dadas as limitações dos sistemas de segurança social e a falta de alternativas institucionais. O nosso ponto de vista é que o "ageing in place" não seja visto como um recurso mas antes como a primeira opção, pelas vantagens de inclusão social e de recompensa emocional que traz associadas, daí a relevância de valorizar e dar a conhecer o que de positivo tem sido feito para promover o "ageing in place" em territórios de baixa densidade, onde a população mais velha constitui, em muitos casos, a essência das comunidades.

Objetivos

  1. Efetuar um levantamento de experiências inovadoras e boas práticas de coesão social no âmbito do “ageing in place” nos distritos da Guarda e de Castelo Branco (Beira Interior)
  2. Explorar o conceito de "ageing in place" através da recolha, sistematização e divulgação de experiências e boas práticas que já são implementadas na Beira Interior mas cujo conhecimento público poderá ainda ser escasso ou mesmo inexistente
  3. Evidenciar a importância do "ageing in place" em termos funcionais e emocionais, recolhendo e divulgando o que já é feito, em comunidades de cariz mais urbano e mais rural, no sentido de manter as pessoas idosas a viver e a participar na vida das suas comunidades pelo tempo mais alargado possível
  4. Produzir um manual de boas práticas suscetível de ser utilizado por outras instituições em territórios de baixa densidade com características idênticas aos da Beira Interior
  5. Valorizar e dar a conhecer o que de positivo tem sido feito para promover o "ageing in place"" em territórios de baixa densidade

Resultados esperados com o projeto (alguns indicadores)

  1. 1. Produção do Manual de Boas Práticas de "Aging in place" na Beira Interior
  2. Através da divulgação desse Manual: possibilidade de réplica de algumas boas práticas em territórios de baixa densidade com características idênticas aos da Beira Interior.

Modalidade 2.  Projetos e iniciativas inovadoras “Inovação em territórios de baixa densidade”

“Pontes entre agricultura familiar e agricultura biológica”

de Cristina Amaro da Costa, Professora e Investigadora no Instituto Politécnico de Viseu, doutorada em Engenharia Agrícola pelo Instituto Superior de Agronomia

Resumo do projeto

A agricultura familiar, como forma de garantir a produção agrícola, gerida por uma família com base em mão-de-obra familiar não assalariada, reunindo componentes de produção agrícola, animal, de transformação e florestal, tem um papel fundamental nas zonas rurais. Em Portugal, a agricultura familiar representa 96% das cerca de 280 mil explorações existentes no continente.

O projeto “Pontes entre agricultura familiar e agricultura biológica” pretende atuar junto de um vasto conjunto de agricultores (pequenos agricultores/agricultores familiares), por forma a avaliar as potencialidades de inovação ao nível dos procedimentos técnicos e tecnológicos e identificar semelhanças (proximidade) com o modelo de itinerário técnico teórico adotado em agricultura biológica, os constrangimentos técnicos, económicos e sociais que potenciem a transição para a agricultura biológica. Pretende-se contribuir para a criação de um modelo produtivo local economicamente mais eficiente alicerçado, quer na racionalização do trabalho agrícola e na valorização das práticas dos territórios, quer na produção de alimentos mais saudáveis e de melhor qualidade, na redução de impactos ambientais negativos, e na melhoria da qualidade de vida dos agricultores.

Assim, através de um conjunto de ações diverso, pretende contribuir-se para a observação da agricultura e dos territórios rurais do Centro e Norte do país e, a partir daí, facilitar a criação de ecossistemas de inovação que, integrando os pequenos produtores no processo e assegurando o estabelecimento de redes entre diferentes agentes de apoio, promovam a incorporação de modos de produção inovadores e sustentáveis, que originem alimentos mais seguros e saudáveis e com menos efeitos negativos no ambiente e que contribuam para o desenvolvimento económico local sustentável.

Descrição do projeto

A identificação dos procedimentos técnicos e tecnológicos, adotados nas explorações familiares, permite identificar as semelhanças (proximidade) com o modelo de itinerário técnico teórico adotado em agricultura biológica e os constrangimentos técnicos, económicos e sociais à transição para a agricultura biológica. Este conhecimento contribuirá para a conceção de um modelo de intervenção, a nível técnico e social, e para a definição de estratégias e políticas, regionais ou nacionais, que promovam a adoção deste modo de produção por agricultores familiares.

Os procedimentos técnicos e tecnológicos adotados nas explorações familiares e as caraterísticas sociais e demográficas dos agricultores serão identificados através da administração indireta de questionários com perguntas de resposta fechadas, algumas das quais sob a forma de checklist de resposta múltipla. Precede a esta operação de inquirição, a recolha de informação qualitativa com base em entrevistas coletivas, sob a forma de grupos focais, onde se pretende explorar procedimentos técnicos e tecnológicos adotados em agricultura familiar, bem como obstáculos e resistências às práticas de agricultura biológica e atitudes e comportamentos passíveis de serem mais consensuais para incitar à mudança de práticas. Paralelamente, um estudo de caso, baseado na metodologia “Lean”, permitirá conhecer na realidade as práticas, atitudes e comportamentos sinalizados no grupo focal. A investigação culminará com a validação de um conjunto de recomendações, ao nível das orientações de políticas públicas locais e regionais, junto dos atores chave, incluindo os participantes no grupo focal, que permitam alcançar modos de produção mais sustentáveis e saudáveis através da mudança de práticas agrícolas e da adoção da agricultura biológica pelos agricultores familiares.

Localização /incidência geográfica:

Centro (Beira Alta) e Norte (Douro Litoral)

Relevância do Projeto

O projeto contribuirá para (1) o conhecimento atualizado das necessidades de inovação do sector agrícola, florestal e zonas rurais, em particular de um vasto conjunto de pequenos/médios agricultores de natureza familiar, que representam um universo significativo dos agricultores nacionais e relativamente à adoção de um modo de produção inovador, mais sustentável, e com contributos sociais, económicos e ambientais, melhorando a qualidade de vida em meio rural e dos produtos disponibilizados; (2) capitalizar informação e resultados de projetos através da incorporação sistemática de conteúdos resultantes da operação e de outros projetos já desenvolvidos ou em curso; (3) transferir conhecimento técnico para os agentes rurais, através da organização de grupos focais, ações de formação e divulgação, disponibilização de informação, guiões de boas práticas de intervenção participada, guias e folhetos técnicos direcionados para a transição para a agricultura biológica e de um conjunto de recomendações para a inovação na agricultura familiar alicerçada na agricultura biológica; (4) estabelecer uma rede entre parceiros que lidam com a realidade dos agricultores familiares, que poderá ser alargada e replicada, noutras regiões e a outro tipo de agricultores (por exemplo, os pequenos e novos agricultores urbanos) e (5) valorizar a inovação associada à agricultura biológica incorporando um conjunto de mais valias a nível da qualidade dos produtos, da saúde do agricultor e do consumidor, e da preservação dos recursos e ambiente.          

Os resultados da operação são destinados a membros da Rede Rural Nacional, de entre os quais se evidenciam associações de produtores e de desenvolvimento regional/local, assim como agricultores e técnicos ligados ao sector – e, em última instância, aos decisores políticos. Para além disso, serão ainda direcionados para todos os agricultores familiares – o alvo nuclear da operação, como enfatizado -, que pela sua dimensão e especificidades não são ainda membros da RRN, mas que se constituem como interventores de grande valia social, económica e cultural na agricultura, floresta e em meio rural.

No âmbito do projeto será constituída uma rede de oito parceiros que inclui duas entidades de I&T (IPV e UP), uma associação de Investigação e Desenvolvimento (I&D) na área do empreendedorismo social (A3S) e uma associação de desenvolvimento regional local (ADDLAP). Durante a vigência do projeto, e na sua sequência, serão convidados a integrar a rede as entidades que desenvolvam atividade no sector, quer no âmbito da agricultura familiar e da agricultura biológica, quer de outros tipos de pequena agricultura que possam beneficiar deste conhecimento e inovação.

Objetivos

O objetivo do projeto "Pontes entre agricultura familiar e agricultura biológica" é definir um modelo de intervenção, a nível técnico e social, que permita estabelecer pontes entre a agricultura familiar e a agricultura biológica, com vista à adoção deste modo de produção. Assim, os objetivos executivos incluem: (1) elaborar uma reflexão teórica sobre a proximidade entre a realidade das práticas agrícolas da agricultura familiar e agricultura biológica; (2) definir um modelo de intervenção, a nível técnico e social, que contribua para alterar as práticas adotadas por agricultores familiares no sentido da agricultura biológica e (3) propor recomendações ao nível das orientações de políticas públicas, que permitam alcançar modos de produção mais sustentáveis e saudáveis.

Resultados esperados com o projeto (alguns indicadores)

  • Itinerários técnicos das principais culturas agrícolas de cada região                              
  • Guião de boas práticas de intervenção participada                               
  • Questionário de tipo checklist para aplicação a agricultores familiares                        
  • Base de dados de agricultores familiares                   
  • Guia técnico de procedimentos técnicos e tecnológicos a adotar nas explorações familiares para a transição para a agricultura biológica                     
  • Folhetos técnicos (infográficos) com informação sobre processos de melhoria das operações técnicas e culturais em agricultura biológica                  
  • Documento de recomendações para a inovação em agricultura familiar através da agricultura biológica