PRÉMIO EDUARDO LOURENÇO

Homenagem e reconhecimento:
Prémio Eduardo Lourenço

Instituído em 2004, o Prémio Eduardo Lourenço, destina-se a galardoar personalidades ou instituições de língua portuguesa ou espanhola que tenham sido protagonistas de uma intervenção relevante e inovadora no âmbito da cooperação e no domínio das identidades, das culturas e das comunidades ibéricas.

O Prémio é atribuído por um júri que integra os membros da Direcção do Centro de Estudos Ibéricos (Reitor da Universidade de Coimbra, Reitor da Universidade de Salamanca e Presidente da Câmara Municipal da Guarda), que assegurarão rotativamente a presidência, por quatro elementos de órgãos executivos e científicos do Centro e ainda quatro personalidades convidadas pelos Reitores das duas Universidades.

Galardoados

2004
Maria Helena da Rocha Pereira

Maria Helena da Rocha Pereira
Maria Helena da
Rocha Pereira

Catedrática jubilada da Universidade de Coimbra, Maria Helena da Rocha Pereira desenvolveu ao longo da sua carreira uma intensa actividade pedagógica e científica nas áreas da cultura clássica greco-latina, cultura portuguesa e latim medieval. Foi a primeira mulher catedrática da Universidade de Coimbra, tendo ensinado ao longo de 40 anos e publicado mais de 300 trabalhos, entre ensaios e traduções. Jubilada desde 1995, a especialista em culturas grega e latina, não abandonou a vida académica, continuando a orientar mestrados, a fazer conferências, a estudar e a escrever, estando ligada a trabalhos como a tradução completa da "Ilíada" de Homero.

“Gostaria de agradecer a distinção que acabo de receber, não apenas como prémio a uma vida de estudo – que escassamente poderia merecer – mas como expressão de apreço por altos valores culturais que nos devem ser caros a todos.
Primeiramente, por se destinar a distinguir o ensaio como uma actividade intelectual que eleva uma sociedade, com base numa reflexão fundamentada, serena e objectiva, que não lhe é menos necessária do que o tão apregoado labor científico e técnico, de que também carecemos. Que tenha sido dado como patrono a este galardão o nome prestigioso entre todos de Eduardo Lourenço, meu colega e amigo desde os tempos conimbricenses, é outra mais valia deste acto. Mas há outros factos que merecem ser exaltados neste já tão promissor Centro de Estudos Ibéricos, acolhido na mais alta cidade portuguesa, sob o patrocínio das duas mais antigas Universidades da Península, que daqui são quase equidistantes.”

Maria Helena da Rocha Pereira [2005] - Revista Iberografias nº 1, CEI, Guarda, pp. 79.

“Maria Helena da Rocha Pereira é uma figura de grandeza nacional e internacional, com uma trajectória ímpar, que disseminou os seus conhecimentos por vários continentes e continua a desenvolver uma grande actividade, de forma surpreendente, sempre numa atitude de jovem pensadora do futuro. Por isso, atribuir o primeiro prémio a alguém que cultiva a cultura clássica é reconhecer as raízes do iberismo, é homenagear a fonte, a matriz daquilo que é hoje Portugal e Espanha. E isso é, simultaneamente, um sinal de humildade e grandeza”.

Veiga Simão [2005] - Revista Iberografias nº 1, CEI, Guarda, pp. 73.

2006
Agustín Remesal

Agustín Remesal
Agustín Remesal

Jornalista e correspondente da TVE (cargo que exerceu em Lisboa de 2000 a 2004), Agustín Remensal é natural de Zamora, o que ditou uma estreita ligação à fronteira e a Portugal, compartilhando vivências e tradições raianas. Destacou-se pelo seu trabalho literário e profissional ligado a Portugal e Espanha, incidindo nas culturas e identidades fronteiriças. O documentário “La Raya Quebrada” é uma obra de referência para a compreensão da história partilhada entre Espanha e Portugal.

“É esse o caminho continuado por este Centro de Estudos Ibéricos da Guarda: um lugar de encontro, de reflexão, de estudo e divulgação dos nossos problemas e das nossas ambições partilhadas. Foram poucas as vezes em que convergiram tantos factores positivos para alcançar tal fim. Duas universidades de referência na história da Europa, Coimbra e Salamanca, uma terra agreste e de fronteira e umas gentes de espírito aberto como o campo.”

Agustín Remesal [2006] - Revista Iberografias nº 2, CEI, Guarda, pp. 122.

2007
Maria João Pires

Maria João Pires
Maria João Pires

Reconhecida internacionalmente como uma exímia intérprete de compositores do período clássico e romântico, como Mozart, Chopin, Schubert e Beethoven, a pianista Maria João Pires percorreu - e esgotou - as melhores salas de espectáculo do mundo. Exemplo excepcional de como o talento português ultrapassa fronteiras, Maria João Pires é hoje uma referência internacional. Cidadã do Mundo, defende a ideia de uma aproximação entre Portugal e Espanha por considerar que as diferenças culturais entre os dois países são no, no fundo, do mesmo tipo das que podem existir, por exemplo, entre a Catalunha e a Andaluzia. Maria João Pires destacou-se pelo trabalho de cooperação e intercâmbio cultural entre Portugal e Espanha, através do desenvolvimento de projectos comuns, com particular realce para os que têm tido lugar na região raiana.

“Mais do que referir os méritos da Premiada cabe-me sobretudo referir que ao homenagear Maria João Pires estamos a valorizar a matriz cultural de um espaço geográfico que se descobriu ao descobrir o Mundo e de onde continuam a partir os descobridores de um novo universo, desta feita interior, de sentimentos agora alcançados através do talento de uma grande Pianista. (…) Maria João Pires escreve, uma vez mais, o Prémio Eduardo Lourenço no feminino e acrescenta uma terceira interpretação desta partitura no harmonioso conjunto de sons musicais e de silêncios de que a sua arte é exemplarmente pródiga. É pois um dia dedicado a dois seres de excepção: um que dá o nome ao Prémio, Eduardo Lourenço, o outro que o recebe, Maria João Pires.”

Fernando Seabra Santos [2007], Revista Iberografias nº 3, CEI, Guarda, pp. 106-107.

2008
Ángel Campos Pámpano

Ángel Campos Pámpano
Ángel Campos
Pámpano

Natural de Badajoz, Ángel Campos Pámpano (1957-2008) distinguiu-se enquanto poeta, tradutor, editor e professor. Director da revista bilingue “Espacio/Espaço Escrito”, um projecto inovador no domínio das relações literárias entre os dois países ibéricos, traduziu destacados poetas portugueses como Fernando Pessoa, António Ramos Rosa, Carlos de Oliveira, Eugénio de Andrade, Sophia de Mello Breyner Andersen, Ruy Belo e Al Berto, entre outros. Ángel Campos Pámpano interpretou singularmente a Fronteira, entendendo-a como forma de comunicação e não de separação. Em 2005 recebeu o Premio Extremadura a la Creación pelo livro “La semilla en la nieve”. A sua obra foi recolhida em diversas antologias.

“Quiero reiterar la ilusión y el orgullo que siento por recibir el Prémio Eduardo Lourenço, que reconoce la tarea que llevo desarollando desde hace décadas pero reconoce, sobre todo, el destino extremeño de relación con Portugal. De forma singular, que este premio lleve el nombre de mi querido Eduardo Lourenço es motivo de mayor alegria y me reafirma en el sentido que tiene esta tarea de lectura, traducción e impulso en el mutuo conocimiento de nuestras culturas, una tarea que el Centro de Estudos Ibéricos realiza con acierto y generosidad.”

Ángel Cámpos Pámpano, excerto da carta enviada ao CEI, agradecendo a distinção concedida. (O Prémio seria entregue a título póstumo; o Poeta faleceu dias antes da Cerimónia.)

2009
Figueiredo Dias

Jorge Figueiredo Dias
Jorge Figueiredo
Dias

Jorge Figueiredo Dias é Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Ensinou Direito Penal, Processo Penal e Ciência Criminal naquela Faculdade e, entre outras funções, integrou o Conselho Científico da Faculdade de Direito de Macau e foi membro do Conselho Científico da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa. Também foi presidente da Comissão de Revisão do Código Penal e do Código de Processo Penal, membro do Conselho de Estado (1982/1986) e deputado à Assembleia da Republica de 1976 a 1978. Personalidade incontornável da nossa ciência jurídica nacional e internacional, Figueiredo Dias desenvolveu um trabalho relevante em Portugal e Espanha no âmbito das ciências jurídicas e em particular no Direito Penal.

“Jorge de Figueiredo Dias é uma personalidade importantíssima da ciência jurídica portuguesa, tendo paralelamente colaborado e contribuído para o estreitamento de relações universitárias, académicas e científicas, na área do Direito Penal, entre Portugal e Espanha. Neto de espanhóis, Figueiredo Dias é uma personalidade importantíssima da ciência jurídica e, em particular, do Direito Penal".

Fernando Seabra Santos, Presidente do júri da 5ª edição do Prémio Eduardo Lourenço

2010
Cesar Antonio Molina

Cesar Antonio Molina
Cesar Antonio
Molina

Escritor e poeta espanhol, Cesar Antonio Molina nasceu na Corunha em 1952. Licenciou-se em Direito e em Ciências da Informação e doutorou-se cum laude com um trabalho sobre «A imprensa literária espanhola». Foi professor de Teoria e Crítica Literária na Universidade Complutense e, nos últimos anos, de Humanidades e Jornalismo na Universidade Carlos III. Foi Director do Instituto Cervantes e do Círculo de Belas Artes de Madrid e Ministro da Cultura, de 2007 a 2009.

“Cesar Antono Molina destaca-se nas suas actividades literárias e culturais que estão intimamente relacionadas com o espírito ibéricos do Prémio. Como escritor, destacam-se obras de ensaio, prosa e poesia. O seu trabalho cultural a partir do Círculo de Belas Artes de Madrid ampliou os laços peninsulares com a criação da “Semana Cultural Portuguesa”. Como Director do Instituto Cervantes intensificou a colaboração ibérica com o Instituto Camões, realizando acções conjuntas que se viram reforçadas através do Ministério da Cultura do Governo de Espanha.”

Júri da 6ª edição do Prémio Eduardo Lourenço

2011
Mia Couto

Mia Couto
Mia Couto

António Emílio Leite Couto (Mia Couto), jornalista, biólogo e escritor é uma das figuras mais importantes da cultura moçambicana.

A criatividade e os contornos transversais da obra, a heterodoxia lexical a que recorre e o empenho cívico assumidos por Mia Couto transformaram-no numa referência cultural do espaço lusófono, num interlocutor privilegiado e potenciador do diálogo plural e aberto que importa aprofundar com o mundo ibero-americano.

A obra criadora de Mia Couto representa um contributo assinalável para a construção de uma Língua portuguesa de matriz planetária. A edição dos seus livros nos países de língua portuguesa (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique) e latino-americano (Espanha, Argentina, Chile, México) fazem de Mia Couto o principal mensageiro africano da lusofonia nos espaços de expressão ibérica, funcionando a sua obra literária como importante estimulo ao diálogo, uma ponte aberta à cooperação cultural entre África, Europa e América Latina.

Em certo sentido, a multipolaridade da sua matéria literária cumpre o desígnio de uma outra “Jangada de Pedra”, de natureza cultural, que expressando ao mais alto nível a condição humana, amplia a realidade idiomática, tão rica em diversidades, do nosso intemporal falar global.

Empenho cívico e percurso criativo, valores caros a Eduardo Lourenço, ancorados numa obra que transcende as fronteiras matriciais ou as que delimitam o respetivo universo ficcional levam a reconhecer Mia Couto como um autor cujo contributo é inestimável para estreitar a cooperação e difundir a cultura ibérica a territórios situados para além do restrito espaço peninsular europeu.

Especial Mia Couto - Jornal do Fundão

2012
José María Martín Patino

Mia Couto
José María Martín
Patino

José María Martín Patino, Escritor e Teólogo Jesuíta espanhol, foi o galardoado com o Prémio Eduardo Lourenço 2012.

A decisão foi hoje anunciada por Daniel Hernández Ruipérez, Reitor da Universidade de Salamanca, que presidiu à reunião do Júri do Prémio Eduardo Lourenço 2012, realizada na sede do Centro de Estudos Ibéricos, na Guarda.

José María Martín Patino nasceu em Lumbrales (Salamanca) em 1925. Licenciado em Filosofia e doutorado em Teologia desenvolveu uma intensa atividade de cariz social e litúrgico em Espanha. Foi fundador e preside à Fundación Encuentro, uma reconhecida plataforma de debate de cariz independente cujo objetivo é a análise dos principais problemas da sociedade espanhola, promovendo espaços de compreensão e consenso.

Para além do protagonismo histórico e do papel que desempenhou nos anos da transição para o regime democrático em Espanha, o júri considerou relevante a trajetória e a atividade de Martín Patino e da Fundación Encuentro no desenvolvimento sócio-económico e coesão territorial na ampla zona transfronteiriça entre Portugal e Espanha, nomeadamente através do projeto “Raya Duero”, iniciativa de formação e educação nos meios rurais de baixa densidade.

José María Martín Patino tinha já sido anteriormente galardoado pela sua atividade em prol dos valores da tolerância, do diálogo, do humanismo e pelo trabalho em defesa da coesão social, por diversas entidades, sendo de destacar a atribuição, pela Rainha de Espanha, em 2009, da Cruz de Ouro da Ordem Civil e da Solidariedade.

O Prémio anual, que tem o nome do ensaísta Eduardo Lourenço, mentor e director honorífico do CEI, destina-se a galardoar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cooperação e da cultura ibérica.

Além do Reitor da Universidade de Salamanca, o júri que hoje decidiu a atribuição do Prémio Eduardo Lourenço 2012, era formado por João Gabriel Silva, Reitor da Universidade de Coimbra, Joaquim Valente, Presidente da Câmara Municipal da Guarda; Valentín Cabero e Fernando Rodríguez de la Flor, professores da Universidade de Salamanca; Jesús Málaga e Salvador Sánchez Terán, convidados pela Universidade de Salamanca; José Carlos Vasconcelos e A. Morão Dias, convidados pela Universidade de Coimbra.
As sete anteriores edições do prémio Eduardo Lourenço contemplaram: Maria Helena da Rocha Pereira, catedrática jubilada da Universidade de Coimbra na área da Cultura Greco-Latina, Agustín Remesal, jornalista e antigo correspondente da TVE em Lisboa, Maria João Pires, pianista, Ángel Campos Pámpano, poeta, Jorge Figueiredo Dias, catedrático de Direito Penal, Cesar Antonio Molina, escritor e antigo director do Instituto Cervantes e Mia Couto, escritor e biólogo.

A sessão solene de entrega do galardão a José María Martín Patino terá lugar, na Guarda, em 27 de Novembro de 2012, Dia da Cidade.

2013
Jerónimo Pizarro

Jerónimo Pizarro
Jerónimo Pizarro

Jerónimo Pizarro, Professor de Literaturas Hispânicas e investigador da obra de Fernando Pessoa, foi o galardoado com o Prémio Eduardo Lourenço 2013.
A decisão foi anunciada no passado dia 26 de abril,  por João Gabriel Silva, Reitor da Universidade de Coimbra, que presidiu à reunião do Júri do Prémio Eduardo Lourenço 2013, realizada na sede do Centro de Estudos Ibéricos, na Guarda.

Jerónimo Pizarro, cidadão da Colômbia e de Portugal, é professor da Universidade dos Andes, titular da Cátedra de Estudos Portugueses do Instituto Camões na Colômbia e doutor pelas Universidades de Harvard (2008) e de Lisboa (2006), em Literaturas Hispânicas e Linguística Portuguesa. No âmbito da Edição Crítica das Obras de Fernando Pessoa, publicadas pela INCM, já contribuiu com sete volumes, sendo o último a primeira edição crítica de Livro do Desassossego. Em 2013, assumiu funções de comissário da presença portuguesa na Feira do Livro de Bogotá (Colômbia).

O júri decidiu atribuir o Prémio a Jerónimo Pizarro em reconhecimento do seu papel no desenvolvimento e divulgação dos estudos pessoanos e da sua atividade como promotor da cultura portuguesa no espaço ibero-americano.
O Prémio anual, que tem o nome do ensaísta Eduardo Lourenço, mentor e diretor honorífico do CEI, destina-se a galardoar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cultura, cidadania e cooperação ibéricas.

Para além do Reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva,  o Júri que decidiu a atribuição do Prémio Eduardo Lourenço 2013, era formado por Maria Angeles Serrano, Vice-Reitora da Universidade de Salamanca, Virgílio Bento, Vice-Presidente da Câmara Municipal da Guarda, Valentín Cabero e Fernando Rodríguez de la Flor, professores da Universidade de Salamanca,  António Pedro Pita e Manuel Santos Rosa, professores da Universidade de Coimbra e Simonetta Luz Afonso e Carlos Fiolhais, convidados pela Universidade de Coimbra.

Personalidades de relevo de Portugal e Espanha já foram galardoadas nas anteriores edições: Maria Helena da Rocha Pereira, Professora Catedrática de Cultura Greco-Latina (2004), Agustín Remesal, Jornalista (2006), Maria João Pires, Pianista (2007), Ángel Campos Pámpano, Poeta (2008), Jorge Figueiredo Dias, Professor Catedrático de Direito Penal (2009) e César António Molina, Escritor (2010), Mia Couto, Escritor (2011) e José María Martín Patino, Teólogo (2012).
A sessão solene de entrega do galardão a Jerónimo Pizarro terá lugar, na Guarda, no dia 7 de junho de 2013.

2014
Antonio Sáez Delgado

Antonio Sáez Delgado
Antonio Sáez Delgado

Antonio Sáez Delgado, professor de literatura, tradutor, crítico literário e escritor é o galardoado com o Prémio Eduardo Lourenço 2014.

A decisão foi hoje anunciada por Maria Ángeles Serrano, Vice-Reitora da Universidade de Salamanca, que presidiu à reunião do Júri do Prémio Eduardo Lourenço 2014, realizada na sede do Centro de Estudos Ibéricos, na Guarda.

António Sáez Delgado é professor de Filologia Hispânica na Universidade de Évora, tendo-se destacado pela tradução de grandes vultos da cultura portuguesa contemporânea como Fernando Pessoa, António Lobo Antunes, Manuel António Pina, José Gil e Teixeira de Pascoaes, entre outros. Considerado o especialista do Modernismo na Península Ibérica, António Sáez Delgado é um investigador raiano que cruza fronteiras há mais de uma década.

O Júri decidiu atribuir o Prémio a António Sáez Delgado pelo seu relevante papel no âmbito da cooperação e da cultura ibéricas, realçando as facetas de mediador cultural, escritor, investigador e professor, que o colocam na vanguarda deste campo da Cultura. De referir, igualmente, o seu trabalho enquanto Diretor da Revista de Literaturas Ibéricas “Suroeste”.

O Prémio anual, que tem o nome do ensaísta Eduardo Lourenço, mentor e Diretor honorífico do CEI, destina-se a galardoar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cultura e cooperação ibéricas.

Para além da Vice Reitora da Universidade de Salamanca, o Júri que hoje decidiu a atribuição do Prémio Eduardo Lourenço 2014, era formado por João Gabriel Silva, Reitor da Universidade de Coimbra, Victor Amaral, Vereador da Cultura da Câmara Municipal da Guarda, Valentín Cabero e Fernando Rodríguez de la Flor, professores da Universidade de Salamanca, Manuel Santos Rosa e Fernando Catroga, professores da Universidade de Coimbra e Agustín Remesal e José Carlos Seabra Pereira, convidados respetivamente pelas Universidades de Salamanca e de Coimbra.

Personalidades de relevo de Portugal e Espanha já foram galardoadas nas anteriores edições: Maria Helena da Rocha Pereira, Professora Catedrática de Cultura Greco-Latina (2004), Agustín Remesal, Jornalista (2006), Maria João Pires, Pianista (2007), Ángel Campos Pámpano, Poeta (2008), Jorge Figueiredo Dias, Professor Catedrático de Direito Penal (2009) e César António Molina, Escritor (2010), Mia Couto, Escritor (2011), José María Martín Patino, Teólogo (2012) e Jerónimo Pizarro, professor de Literaturas Hispânicas (2013).

2015
Agustina Bessa-Luís

Agustina Bessa-Luís
Agustina Bessa-Luís

Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa, celebrizada pelo pseudónimo literário Agustina Bessa-Luís, nasceu em 1922, em Vila Meã, Amarante. Talvez esta aproximação ao Douro da sua infância, que levou consigo mais tarde se instalou no Porto, tenha sido determinante como pano de fundo para a maior parte dos seus romances.

Agustina, que cedo demonstrou interesse pela Literatura Portuguesa e Inglesa em particular, obteve um lugar de destaque quando publicou A Sibila, em 1954. Esta obra, estudada durante décadas em escolas e universidades, constituiu um enorme sucesso e abriu-lhe portas para o reconhecimento público da sua grandiosa carreira literária.

Se muitos foram os romances que escreveu, não podem ser esquecidas as peças de teatro, as biografias, as crónicas, os ensaios, testemunhos de um corpus literário diversificado. A ligação ao cinema e ao teatro associam-na a nomes como Manoel de Oliveira, que adaptou ao cinema e ao teatro muitas das suas obras, e Filipe La Féria, que adaptou e encenou As Fúrias para o Teatro Nacional D. Maria II. Foi deste mesmo Teatro que foi Diretora entre 1990 e 1993.

A obra da Escritora tem uma projeção internacional de relevo, estando traduzida em várias línguas. A acompanhar esta projeção internacional da sua escrita, Agustina foi membro do Conselho Diretivo da Comunitá Europea degli Scrittori (Roma, 1961-1962), e é membro da Academie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres (Paris) e da Academia Brasileira de Letras. Foi distinguida com o grau de «Officier de lÓrdre des Arts et des Lettres», atribuído pelo Governo Francês em 1989, e com o Grau-Oficial da Ordem Militar de Santiago de Espanha, em 1981, tendo recebido ainda a Grã-Cruz da mesma Ordem, em 2006.

Para além destas distinções, a obra de Agustina Bessa-Luís obteve importantes prémios literários: o Prémio Delfim Guimarães (1953), o Prémio Ricardo Malheiros (Academia das Ciências de Lisboa, 1966 a 1977), o Prémio Adelaide Ristori (Centro Cultural Italiano de Roma, 1975), o Grande Prémio do Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (1983 e 2001), o Prémio da Crítica (Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, 1993), o Prémio União Latina (Itália, 1997), e o Prémio Camões (2004) o mais importante galardão da língua portuguesa. Em 2005, pouco antes de se retirar da vida literária, por motivos de saúde, Agustina recebeu ainda o Prémio de Literatura do Festival Grinzane de Cinema de Turim.

Agustina Bessa-Luís é uma figura referencial da literatura portuguesa e da língua portuguesa, tendo a sua obra ancorado a produção literária das últimas décadas e inspirando escritores, ensaístas e leitores.

2016
Luis
Sepúlveda

Luis Sepúlveda
Luis Sepúlveda

Luis Sepúlveda nasceu em Ovalle, no Chile, em 1949. Da sua vasta obra (toda ela traduzida em Portugal), destacam-se os romances O Velho que Lia Romances de Amor e História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar. Mas Mundo do Fim do Mundo, Patagónia Express, Encontros de Amor num País em Guerra, Diário de um Killer Sentimental ou A Sombra do que Fomos (Prémio Primavera de Romance em 2009), por exemplo, conquistaram também, em todo o mundo, a admiração de milhões de leitores. História de um cão chamado Leal é o seu 17º livro na Porto Editora. Em abril de 2016 foi-lhe atribuído o Prémio Eduardo Lourenço.

 

 

2017
Fernando Paulouro das Neves

Luis Sepúlveda
Fernando Paulouro
das Neves

Jornalista e escritor, natural do Fundão, foi chefe de redacção e director do “Jornal do Fundão”. Em 2013, foi-lhe atribuída a Medalha de Honra da cidade do Fundão, e foi distinguido com o Prémio Gazeta de Mérito do Clube dos Jornalistas, em 2014. Tem obra literária multifacetada. Escreveu, entre outros, “A Guerra da Mina e os Mineiros da Panasqueira” (com Daniel Reis), é autor de textos dramáticos, como “O Foral: Tantos Relatos/Tantas Perguntas”, encontra-se representado em obras colectivas, designadamente nos volumes “Identidades Fugidias” e “A Mãe na Poesia Portuguesa”. É, também, autor de “Os Fantasmas Não Fazem a Barba” (ficção), “Os Olhos do Medo” (conto), e de “A Materna Casa da Poesia. Sobre Eugénio de Andrade” (ensaio).  No ensaísmo deve referir-se ainda “Miguel Torga em busca de uma humanidade nova a inventar” in “Ensaísmo e Pensamento Crítico na Catalunha e em Portugal”. Reuniu muitas das crónicas nos dois volumes “Crónica do País Relativo - Portugal Minha Questão”. É co-autor, com Alexandre Manuel, da Fotobiografia “António Paulouro, 100 Anos Depois” e organizou a “Antologia António Paulouro, As Palavras e as Causas”. Este ano publicou o romance “Fellini na Praça Velha”.