Eduardo Lourenço (1923-2020) – Nota de Pesar

1 Dez, 2020

O Diretor Honorífico do CEI faleceu hoje, aos 97 anos, em Lisboa.

Ensaísta, professor universitário e filósofo, Eduardo Lourenço nasceu a 23 de maio de 1923 em S. Pedro do Rio Seco, concelho de Almeida. Considerado um dos mais prestigiados intelectuais europeus e uma das mais emblemáticas figuras do século XX português, Eduardo Lourenço deixa uma obra de vulto e um legado que o perpetuará na história da Cultura Portuguesa.

Eduardo Lourenço frequentou o Liceu da Guarda e cursou Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde lecionou como professor assistente até 1953, assumindo desde então uma atitude crítica e um pensamento autónomo.

A partir de 1954, lecionou em universidades estrangeiras nas cidades de Hamburgo, Heidelberg, Montpellier, São Salvador da Baía, Grenoble e Nice, onde se aposentou em 1988, ficando a viver na região. Fixou residência em Vence até 2013, altura em que, após a morte da esposa, Annie Salomon de Faria, regressou a Portugal.

Atento à realidade portuguesa, participou, na vida política do país através da obra escrita e até no apoio a figuras e candidaturas políticas, apesar do seu afastamento.

A produção ensaística de Eduardo Lourenço, abrangendo diversas áreas, da literatura e da arte aos acontecimentos políticos contemporâneos, tornou-se um fenómeno singular na cultura portuguesa, orientada por uma constante argumentação personalista, que se traduziu em mais de 40 livros e inúmeros artigos, prefácios, críticas e recensões. As suas Obras Completas têm vindo a ser editadas pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Expoente máximo do ensaísmo literário e cultural contemporâneo, Eduardo Lourenço foi unanimemente reconhecido no meio universitário com quatro Doutoramentos Honoris Causa e no meio cultural e social com a atribuição de vários prémios nacionais e internacionais, para além de condecorações do Estado Português, Francês e Espanhol, e de inúmeras homenagens.

Através do desafio da criação, na Guarda, em 1999, de um Instituto da Civilização Ibérica que unisse as duas Universidades mais antigas da Península (Coimbra e Salamanca), Eduardo Lourenço retornou simbolicamente à sua cidade como Diretor Honorífico do Centro de Estudos Ibéricos e como patrono da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, inaugurada em 2008 e que conta com grande parte do seu acervo literário.

O Centro de Estudos Ibéricos instituiu, em 2004, o Prémio Eduardo Lourenço, em homenagem ao seu mentor, patrono e Diretor Honorífico, destinado a galardoar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cultura, cidadania e cooperação ibéricas.

O CEI lamenta a perda do seu Diretor Honorífico e endereça sentidas condolências à família, perpetuando a memória deste intérprete maior da cultura ibérica e universal que marca o século XX português.

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